segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Interlúdio de Fim de Ano

Chegamos ao interlúdio de fim de ano, aquela última semana quando postergamos o novo para a semana seguinte e arquivamos o velho.  Nada acontece nesta semana, exceto as tragédias.  Talvez, dada a falta de notícia do período, qualquer tragédia ganhe uma dimensão exagerada, algo que perdura pelas primeiras semanas de janeiro e que, em meados de fevereiro, já está completamente esquecida.
 
Este é o período das listas e das retrospectivas.  As dez pessoas mais influentes, as dez maiores catástrofes, os dez maiores escândalos, os dez melhores episódios de "O Encantador de Cães" e as dez melhores listas de dez melhores.  É o período das mensagens "fulano está fora do escritório e agora só ano que vem!", é o período do trocadilho de duplo sentido, das promessas para o ano seguinte, incluindo aquelas de não fazer mais trocadilhos infames.  É o período de pouca discussão e muito balanço.
 
Este período é como estar no sofá sem ter nada na televisão, com uma imensa preguiça de procurar outra coisa.  É uma força oculta que nos impele a não fazer coisa alguma, a esperar o tempo passar.
 
Esta foi minha contribuição para um fim de ano melhor.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Uma Singela Mensagem de Natal ou Solstício

É época de solstício: de inverno no hemisfério norte, de verão abaixo da linha do Equador.  Solstício é, de fato, uma palavra incomum, ideal para um jogo de forca.  Na prática, pensemos assim: o solstício acontece quando os raios solares incidem perpendicularmente às linhas dos trópicos.  Quando isso acontece, temos 24 horas de dia ou noite ininterruptas nos círculos polares Articos e Antárticos. 
 
O solstício de inverno, no hemisfério sul, ocorre por volta de 21 de junho, enquanto que o de verão cai em torno de 21 de dezembro, marcando o início das respectivas estações.  A quantidade de dias entre os solstícios difere dada a órbita elíptica da Terra em torno do Sol, visto que nosso planetinha azul viaja mais rapidamente quando se aproxima do astro-rei (periélio) e incorpora o Barrichello quando se afasta (afélio).
 
No hemisfério norte, muitos povos acendiam fogueiras para dar uma força para o sol no combate às trevas na noite mais longa do ano (solstício de inverno).  O costume de iluminar as noites do período acabou se tornando uma tradição dos grandes centros urbanos.
 
A história terminaria aqui não fosse um fato notável que mudaria o curso da humanidade: o nascimento de Cristo, de data incerta, seguido da luminosa ideia de se comemorar o evento na época do solstício de inverno do hemisfério norte.  O avanço do cristianismo, principalmente no Ocidente, acabou sobrepujando o motivo original da celebração, dando o caráter religioso conhecido hoje.
 
Contudo, como tudo no nosso universo é cíclico, das estações do ano à economia, das órbitas aos canais com programas interessantes na TV, o aspecto religioso do Natal perde cada vez mais significado.  É um regresso às origens pagãs, só que com muito mais luzes coloridas.  E chineses.
 

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

As Personalidades mais Sei-Lá-O-Quê de 2010

Em todo fim de ano, a história se repete: é retrospectiva de um lado, lista das maiores personalidades do outro.  Sempre vi com desconfiança as tais listas que infestam as revistas nesta época.  Os critérios, em geral, são tão obscuros que a melhor hipótese para explicar alguns nomes vem do orçamento dos anúncios ou, quem sabe, de outras formas menos ortodoxas de pagamento.

Como parte de uma organização secreta que tem por objetivo divulgar mensagens que ninguém lê, posso afirmar que as o viés financeiro não teve influência na escolha das personalidades aqui apresentadas.  Isso não quer dizer, por outro lado, que a lista tenha algum critério, e, dito isso, tenho o prazer de anunciar...

As Personalidades Mais Sei-Lá-O-Quê de 2010

1. O tratador do polvo Paul.  Há algo de muito errado quando um polvo consegue predizer resultados da Copa do Mundo.  Já haviam tentado com papagaio, macaco, periquito, humano, mas com polvo foi a primeira vez.  Ora, se polvo fosse vidente, não terminaria em paella.  Mais provável é que o pessoal do aquário na Alemanha soubesse dos resultados de antemão e, para dar notoriedade ao lugar, criaram este inventivo embuste com o tal polvo.  Paul morreu, mas seu legado permanece.

2. O figurinista de Hugo Chávez.  O ditador eterno da Venezuela possui um guarda-roupa digno de vilão de James Bond.  São fardas verde-oliva para todas as ocasiões.  E, além delas, Chávez encomendou um casaco mais esportivo, com as cores da Venezuela.  Aguardamos agora o uniforme todo prateado para coroar o ditador mais clichê do momento. 

3. O cirurgião da redução de estômago do Faustão.  De gordo a murcho, o apresentador das tardes de domingo da Globo continua sem fazer concessões: é deselegante e arrogante com convidados, platéia e funcionários.  Por ter trabalhado em condições extremas, o cirurgião da redução de estômago do Faustão ocupa o terceiro lugar da lista.   Aliás, o cirurgião ocuparia a primeira posição caso tivesse transplantado o estômago para ele próprio, numa demonstração simbólica de que é necessário muito estômago para aturar o apresentador.

4. A professora de português do Tiririca.  O deputado federal eleito com um aerolula repleto de votos teve que provar que não era analfabeto em menos de um mês.  Submeteu-se a um intensivão e, ao final de tanto esforço, o candidato eleito conseguiu comprovar o domínio básico do nosso idioma com pouco mais de 25% de acerto.  Se vivo fosse, o macaco Tião, submetido ao mesmo teste de múltipla escolha, em média teria conseguido o mesmo feito.

5. Os comentaristas e narradores de futebol da televisão.  Para ilustrar a inutilidade destas profissões, troquemos uma partida de futebol por um filme, digamos, Indiana Jones e a Ultima Cruzada.  Próximo do final, teríamos:  "Lá vai Indy... Indy... opa, chegaram os nazistas... olha a troca de tiros e... caiu ferido o pai de Indy"... "É, vocês podem reparar que ele caiu ferido, num lance muito rápido"...  "Agora, o filme ganha em emoção! Indy tem pouco tempo para decifrar os mistérios e salvar o pai!  E lá vai Indy correndo atrás do prejuízo"...  "Indy que é interpretado pelo ator Harrison Ford, famoso por outros filmes como Star Wars e Blade Runner"!  Falando sério, alguém assistiria a um filme transmitido assim?

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Cinco Notas sobre a Ocupação do Alemão

I - O primeiro domingo após a ocupação do Complexo do Alemão foi de euforia.  O seguinte, de pessimismo.  Acho que nossa imprensa é bipolar.

II - Deve existir algum estatuto que veta a prisão de menores.  Ciente disso, nossa imprensa agora usa o verbo apreender para designar menores capturados.  Mas, capturar pode?

III - A Globo noticiou a ocupação dos morros do Rio como se fosse a invasão americana ao Iraque.  Nos dois casos houve fugas, a diferença é que lá só havia um Osama.

IV - Perguntar não ofende: será que a tradicional pelada de fim de ano na Vila Cruzeiro vai acontecer este ano?

V - Diante dos acontecimentos, Adriano, atacante do Roma, decidiu usar a camisa número 105.  Em romano, é claro.

sábado, 27 de novembro de 2010

As Mais Enigmáticas Expressões Populares - I

Coletânea das expressões populares mais enigmáticas, das quais todos conhecemos o significado, mas que não fazem lá muito sentido se olharmos bem de perto.

I - "Pode tirar o cavalinho da chuva!". Significa "não adianta insistir", mas o que cargas d'água o pobre cavalinho na chuva tem com isso?   Alguns dizem que a expressão teria surgido séculos atrás, no interior.  Ocorria que, nas visitas breves, o cavalo era amarrado na frente da casa, ao relento.  Por outro lado, nas estadas mais demoradas, o dono procurava um abrigo para proteger a montaria.  Ora, mas o que essa história tem a ver com não insistir?  Não sei, é algo misterioso pra dedéu.

II - "Pra dedéu" - significa "muito, bastante".  Agora, o que é dedéu?  Ou, quem foi dedéu?  Como esta expressão foi introduzida na nossa língua?  Por alienígenas do planeta D-Déu?   Seriam os D-Déuses astronautas?

III - "Cargas d'água" - a origem da palavra provavelmente remonta à época das grandes navegações, onde os portugueses teriam cunhado esta expressão para designar "causas desconhecidas" durante as intempéries no oceano. Pelas barbas do profeta!  Fica difícil acreditar nessa história de "cargas d'água" em momentos tão tensos!  Mais provável é que os navegadores se valessem do famoso "p#$ta que pariu, que p#$rra é essa?"

IV - "Pelas barbas do profeta!" - trata-se de um verdadeiro mistério da fé.  Esta expressão de espanto tem uma forma curta que é "Nossa!"  Macacos me mordam, "nossa" o quê?   Talvez seja o que restou de "Nossa Senhora!", ou "Nossa Mãe do Ceu!", algo que se aproxima de "Por Deus!", "Jesus!", "Por Zeus!", "Por Alá!", ou  todas as expressões que denotam surpresa ao invocar entidades religiosas.  Agora, não há nada de divino em "pelas barbas do profeta"!  Aliás, Renato Aragão parodiava muito bem esta expressão bizarra com o seu "pelas perucas de Ivon Cury!"

V - "Macacos me mordam!" - macacos me mordam, uma pinóia!  Devem existir formas muito mais indicadas de se despertar de um transe do que conclamar um grupo de símios ao ataque.  Seja beliscando, jogando um pouco de água ou até com o Galvão Bueno gritando no ouvido da pessoa "RRRRRRRRRRRRRRRRRRRonaldinho!!!!!".  Tudo, menos ser mordido por macacos.

VI - "Uma pinóia!" - trata-se de uma forma veemente de discordar.  Aparentemente o termo fora criado por Djavan ao términar de compor "Açaí".  Ao revisar o refrão, "Açaí, guardiã / Zum de bezouro um imã / Branca é a têz da manhã", Djavan teria decidido deixar "uma pinóia" de fora e a expressão acabou recolhida pela arrumadeira no dia seguinte que decidiu reutilizá-la.  Afinal, ora bolas, reciclar é preciso!

VII - "Ora, bolas!" - a expressão de aborrecimento, ao que parece, surgiu em Portugal, provavelmente quando o Duque de Algarves tentava buscar apoio da regente D. Maria II para um novo esporte, o futebol.  O problema é que o Duque começara a apresentação pela lei do impedimento, o que acabou colocando a rainha e a corte em um sono profundo.  A rainha, tendo perdido boa parte da apresentação, perguntou ao despertar: "mas o que mesmo os gajos usarão para pontuar?" E o Duque, aborrecido, respondeu: "Ora! Bolas, Majestade!".  E tudo ficou como dantes no quartel de Abrantes!

VIII -  "Tudo ficou como dantes no quartel de Abrantes!" - Se há expressões pecam pelo excesso de palavras, esta é uma delas.  Simplesmente, nada mudou.   Ou, é o mesmo de sempre.  O pior de tudo é que ela ainda introduz um personagem, o tal do Abrantes, que não sabemos se realmente existiu ou se está ali simplesmente para rimar com dantes.  Muitos atribuem esta expressão a um antepassado de Djavan que teria jogado o trecho fora ao tentar compor o Hino da República.  Numa verdadeira Casa da Mãe Joana!

IX - Casa da Mãe Joana - diz a lenda que Joana era rainha de Nápoles quando, por volta de 1346, refugiou-se em Avignon, França.  Aos 21 anos, Joana decidiu regulamentar os bordéis do lugar, dando origem à expressão "Casa da Mãe Joana" que passou a indicar lugar onde a desordem impera.   Essa explicação é tão convincente quanto uma nota de 3 dólares.  Mas, muito obrigado por tentar!


X - "Muito Obrigado!" - agradecer significa dar graças.  Talvez por isso que em inglês se agradece com "Thanks" (Graças), em espanhol com "Gracias", em italiano com "Grazie", em francês com "Merci" e por aí vai.  Em português, contudo, alguém inventou o tal "Obrigado".  Obrigado a quê?  A explicação mais comum é que a pessoa se sente obrigada a retribuir a gentileza.  Isso soa mais ou menos como a explicação para o novo padrão brasileiro de plugues e tomadas.  Ou será que ninguém ouviu falar em "Grato"?

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Os Versos Mais Ridículos da Música Brasileira - Part Deux

Nesta segunda parte temos uma coletânea de trechos da MePeBê com
mensagens óbvias, toscas ou absolutamente incompreensíveis:

I - "Ô... esse coqueiro que dá coco..." (Aquarela do Brasil - Ary
Barroso). O Brasil realmente é uma terra abençoada! Nossos coqueiros
dão cocos, nossas mangueiras dão mangas e nossas bananeiras dão
bananas. Só mesmo aqui!

II - "Feche a porta do seu quarto / Porque se toca o telefone / Pode
ser alguém." (Eu Sei - Legião Urbana). Ora bolas, quem mais poderia
ser? O coqueiro que dá coco?

III - "O que é imortal, não morre no final..." (Imortal - Sandy &
Júnior). Juntando com a primeira, temos este belo trecho: "Ôooo...
esse coqueiro que dá coco/ que é imortal, não morre no final... al
al... al al..."

IV - "As flores de plástico / Não morrem..." (Flores - Titãs).
Juntando tudo até aqui, temos: "As flores de plástico / do coqueiro
que dá coco / não morrem no final / E se toca o telefone / pode ser
alguém"

V - "...Zabelê, zumbi, besouro, vespa fabricando mel..." (Linda
Juventude - 14-Bis). Apesar de ser uma inovação em relação ao
coqueiro que dá cocos, o sindicato das abelhas não deve ter gostado
muito...

VI - "Que só eu que podia / Dentro da tua orelha fria / Dizer segredos
de liquidificador..." (Codinome Beijaflor - Cazuza). Bela cena
romântica. Fico imaginando o sujeito dizendo: "vai, coloca o gelo e
pressiona a tecla pulsar"..

VII - "Os meus amigos dizem que eu sou demais / Mas é somente ela que
me satisfaz..." (Morango do Nordeste - Resolvam aí a autoria). Seria
um caso de infidelidade egocêntrica?

VIII - "Sobre as margens desse meu país / Menores que não têm onde
dormir" (Deus Mirim - Latino). Latino se revela aqui um ardiloso
gramático de imagens complexas.

IX - "Um dia feliz / As vezes é muito raro..." (Fácil - Jota Quest).
Isso quer dizer que dias felizes são frequentes, visto que apenas às
vezes eles são raros. Ou não.

X - "As ruas têm cheiro de gasolina / E óleo diesel / Por toda a
Plataforma / Toda a Plataforma / Toda a Plataforma / Você não vê a
torre..." (Música Urbana - Capital Inicial). É a melô do cego na
rodoviária. Só pode ser isso.

XI - "Açaí / guardiã / Zum de besouro um imã / Branca é a tez da
manhã" (Açaí - Djavan). Latino se revela um ardiloso poeta de ideias
complexas. Principalmente quando incorporado pelo Djavan.

XII - "Vida, devolva-me as fantasias / Meu sonho de viver a vida /
Devolva-me o ar..." (A Dor desse Amor - KLB). Não bastassem os
músicos tirarem som de air guitars, os caras compuseram esta terrível
melô do carnavalesco asmático com dor de cotovelo. O horror, o
horror!

XIII - "Aquele fio de cabelo comprido/ Já esteve grudado em nosso
suor" (Fio de Cabelo - César Menotti e Fabiano, cantada por
Chitãozinho e Xororó). Melô do metaleiro maratonista com queda de
cabelo abraçando outro competidor. Este trecho leva os prêmios das
categorias 'música bizarra', 'música nojenta' e 'música gosmenta'.

XIV - " Tudo que Deus criou pensando em você/ Fez a Via Láctea, fez os
dinossauros." (Te devoro, Djavan). "Cumequié"? Deus fez os
dinossauros pensando na pessoa? Que coisa romântica! "Amor, tudo que
Deus criou foi pensando em você. A Via Láctea, as estrelas, a lua, os
dinossauros e todos os bichos pegajosos e asquerosos que infestam o
nosso planeta!". Deve ser tiro e queda! (Ela atira e você cai
morto!)

XV - "Então me lanço, me atiro em frente ao seu carro / E aí você
decide se é guerra ou perdão / Se na vida eu apanho / Outras vezes eu
bato / Mas trago a minha blusa aberta e uma rosa em botão" (Elevador -
Ana Carolina). Nem guerra, nem perdão: é atropelamento! A associação
de imagens parece roteiro de filme pornô com trilha sonora de "Um
tapinha não dói".

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

As Piores Traduções de Títulos

Coletânea com as piores traduções de títulos, devidamente
desconstruídas para ajudar na degustação.

I - The Physician / O Físico. O livro de Noah Gordon narra a saga de
um médico medieval e ganhou esta notável tradução digna do Seu Jorge.

II - Cat in a Hot Tin Roof / Gata em Teto de Zinco Quente. O
brilhante título da peça de Tennessee Williams ganhou esta misteriosa
tradução que troca telhado por teto. Lagartixas certamente conseguem
andar nos tetos, mas eu nunca vi um gato se esfregando num lustre.

III - Love Is a Many Splendored Thing / Suplício de uma Saudade. O
título em português do filme estrelado por William Holden entrega o
final, algo absolutamente corriqueiro nas traduções. Seria como
traduzir "Assassinato no Expresso do Oriente" de Agatha Christe por
"Assassinado Várias Vezes".

IV - Die Hard / Duro de Matar. Death Wish / Desejo de Matar.
Aparentemente a turma da tradução não vê muita diferença entre matar
ou morrer.

V - West Side Story / Amor Sublime Amor. a tradução do musical da
Broadway pode ser a chave para entender a música "Go West" do Pet Shop
Boys.

VI - My Girl 2 / Meu Primeiro Amor Parte 2: simplificaria bastante
chamar o filme de Meu Segundo Amor...

VII - Fierce Creatures / Ferocidade Máxima: o título em português
desmerece o bom filme com os ex-Pythons John Cleese e Michael Palin,
transformando-o numa suposta sátira a "Velocidade Máxima". Por que?

VIII - The Painted Veil / O Despertar de uma Paixão: o curioso é que o
livrro de William Somerset Maugham havia sido lançado aqui com o
título de... tchan-tchan-tchan-tchan... "O Véu Pintado"! Então, por
que alteraram a tradução do título do filme de 2006?

IX - Giant / Assim Caminha a Humanidade: a julgar pela tradução,
parece mais um daqueles filmes bíblicos de Cecil B. DeMille e não um
épico passado no Texas onde vaqueiros tornam-se prósperos produtores
de petróleo. Será que é assim que caminha a humanidade?

X - The Godfather / O Poderoso Chefão: fico imaginando pais chamando
poderosos chefões para batizados, ou ainda noivos convidando poderosos
chefões para casamentos.

XI - 3:10 to Yuma / Os Indomáveis: o título em português faz crer que
o faroeste estrelado por Glenn Ford em 1957 foi pensado para Russel
Crowe e Christian Bale em 2007.

XII - The Sound of Music / A Noviça Rebelde: pensando bem, a noviça
era a menos rebelde de todos. Os filhos do Von Trapp, por exemplo,
parecem ter nascido de olhos juntos.

XIII - A Streetcar Named Desire / Uma Rua Chamada Pecado: nunca
entendi o porquê da tradução do filme de Elia Kazan, estrelado por
Vivien Leigh e Marlon Brando. Um Bonde Chamado Desejo é
definitivamente um título mais misterioso e sofisticado, ao passo que
Uma Rua Chamada Pecado parece um título pomposo para uma rua do Lido.

XIV - Cast Away / O Náufrago: bom, tecnicamente não sei se deveríamos
classificar alguém que sobrevive a uma queda de avião no mar de
náufrago.

XV - Monster's Ball / A Última Ceia: não, não se trata de um filme
sobre a vida de Cristo. Aqui, os tradutores transformam Hale Berry em
Maria Madalena que deve ter entrado de penetra na última ceia, com os
apóstolos.

XVI - Evil Dead / Uma Noite Alucinante Parte 1, depois, A Morte do
Demônio. É um caso de emenda pior que o soneto. Primeiramente o
filme foi lançado como "Uma Noite Alucinante Parte 1". Porém, como o
segundo filme havia sido lançado aqui anteriormente como "Uma Noite
Alucinante", o nome do primeiro filme foi alterado para "A Morte do
Demônio", que por sua vez também não tem o sentido de morte demoníaca
do título original. Em tempo: a terceira parte saiu com o título
de... Uma Noite Alucinante 3!

XVII - Shane / Os Brutos também Amam: as Olívias e os Popeyes também.
Mais um título em português que entrega o desenrolar do filme de
George Stevens de 1953.

XVIII - The Graduate / A Primeira Noite de um Homem: acredito que o
primeiro título bolado deva ter sido :Rapaz Recém-Formado tem Sua
Primeira Noite com Mulher mais Velha, mas alguém da censura deve ter
achado por bem cortá-lo.

XIX - Abre Los Ojos / Preso na Escuridão: curiosamente, o recente
Vanilla Sky, baseado no original de 1997 dirigido por Alejandro
Amenábar, foi lançado como... Vanilla Sky! "Preso na Escuridão"
parece filme de terror trash.

XX - Smokey & The Bandit 1, 2, 3 / Agarra-me se Puderes / Desta vez te
Agarro / Agora Você não Escapa: tudo bem que as desventuras do xerife
Smokey para capturar Bandit (Burt Reynolds) são similares às
perseguições do Coiote ao Papa-Léguas, mas os tradutores não
precisavam apelar para o humor de desenho animado no título. Creio
que a parte 4 sairia como "Estou Quase Lá".

sábado, 13 de novembro de 2010

Os Versos Mais Ridículos da Música Brasileira - I

A coletânea traz apenas músicas com pretensões sérias e rimas constrangedoras.

I - "Deixa eu brincar de ser feliz / Deixa eu pintar o meu nariz" (Todo Carnaval tem seu Fim - Los Hermanos). Soa ridículo até se cantado por um teletubbie.

II - "Se me manda ir embora / eu saio pra fora...” (Entre Tapas e Beijos - Leandro e Leonardo). "Saio pra fora?" Se o problema é rimar com embora, que tal "para Bora-Bora", "agora, agora" ou "na hora, na hora"?

III - "Maria Joaquina de Amaral Pereira Góes / Você 'contribói' para o meu viver" (Maria Joaquina... - Pimenta Nativa). Fico imaginando se a banda adotasse a solução de Carmem Silva: "Maria Joaquina de Amaral Pereira Góes / Você dói dói dói para o meu viver..."

IV - "Eta, Eta, eta, eta, É a lua , é o sol, É a luz de Tieta, eta, eta" (A Luz de Tieta - Caetano Veloso). Depois zombam da Ruth Lemos com o famoso sanduíche-iche-iche... Além do mais, Joãozinho já havia antecipado essa rima na famosa piada da Marieta: "Eu fui à praia com Marieta / A maré tava cheia / E molhou a sua... eta! eta! eta! eta! É a lua, é o sol, É a piada da Marieta!"

V - "Vou dar então um passeio pelas praias da Bahia / Onde a lua se parece com a bandeira da Turquia" (Vida Passageira - Ira). "Outro dia fui à padaria / Cujo dono tem um bigode que parece com um corvo da Hungria"

VI - "A tua piscina esta cheia de ratos / Suas ideias nao correspondem aos fatos..." (O Tempo não Pára - Cazuza). Vossa cozinha está cheia de pratos / Nossa meia procura bons sapatos...

VII - "Eu é que não fumo cigarro porque me faz mal pro pulmão / Mas também não vou viver só de pão Pullman" (Não me Acabo - Barão Vermelho). Eu completaria com: "Para poupar o fígado larguei a birita / mas também não vou viver só de pão Plus-Vita".

VIII - "Ana / teus lábios são labirintos / Ana / Que atraem os meus instintos mais sacanas..." (Refrão de Bolero - Engenheiros do Hawaii). Não ficou bom.  Talvez... "Ana / Seu nome rima com banana / Ana / Viajei pra República Dominicana / Ana / Onde tomei bastante caldo de cana / Ana / Tudo isso no final de semana / Ana / Depois ainda fiquei com sua mana..."

IX - "Pane no sistema, alguém me desconfigurou / Aonde estão meus olhos de robô?" (Admirável Chip Novo - Pitty). A rima é tão esquizofrênica quanto a mensagem.

X - "Da Dinamarca voou, foi além / Como um cisne altaneiro / Hans Christian Andersen" (Uma Delirante Confusão Confabulástica - Imperatriz Leopoldinense). Tudo bem, fazer uma marcha... ops... um samba enredo que mistura Monteiro Lobato com Hans Christian Andersen não deve ser lá muito fácil, mas rimar "além" com "Andersen" é demais...

XI - "Apesar de colher as batatas da terra / Com essa mulher eu vou até pra guerra" (Morango do Nordeste - Autoria sendo dicutida judicialmente). Além da rima, a frase não faz o menor sentido. Segue minha contribuição: "Apesar de quem não acerta quase sempre erra / Quem não gosta de mar tem casa na serra" ...

XII - "E subo bem alto / Pra gritar que é amor / Eu vou de escada / Pra elevar a dor" (Elevador - Ana Carolina). Essa, ainda por cima, é infame!  Que coisa horrível!

XIII - "Não dá pra esconder / O que eu sinto por você, Ara... /Não dá, não dá, não dá, não dá" (O Araketu é bom demais - Araketu). Essa faz um trocadilho, involuntário talvez, com o Ceará para encaixar a rima com "não dá".

XIV - "Nana Banana Nanananana Banana / Nana Banana Nanananana Banana / Que tá faltando emprego no planeta dos macacos" (De Volta ao Planeta dos Macacos - Jota Quest). Parece letra tirada de uma daquelas cartilhas de alfabetização.  "Vovô viu a uva.  Ana baiana comeu a banana".

XV - "Safado! /Cachorro! /Sem-vergonha! /Eu dou duro o dia inteiro /E você colchão e fronha..." (Safado! Cachorro! Sem-Vergonha! - Claudia Leitte).  E eu que pensava que jamais fariam rima com fronha, uma das palavras de pior sonoridade da nossa língua.  Aguardo agora uma música rimando com cueca - a pior palavra da língua portuguesa.

sábado, 6 de novembro de 2010

Momento Musical - Concurso de Calouros - Segunda Edição

Oferecimento do purgante Brandão, com o apoio da Banda 'Os blacks e um White'...

E o concurso continua com a impagável "Papai eu quero me casar", com a incrível referência a Marlon Brando e Maria Schneider no filme "O Ultimo Tango em Paris".

Momento Musical - Concurso de Calouros

Com o oferecimento de Crinado, o sabonete do homem, da mulher e... da família!


E o concurso continua... Quem será o vencedor?

Momento Musical com Ceará do Pânico

Não é com o Ceará, não.  É com o Sidney Magal em 1978...


Momento Musical com Maria Betânia

De 1977...



Cinco Notas Desentoadas sobre D. Roussef

I - Depois de Silva, teremos na presidência o brasileiríssimo Roussef.  Vigiada de perto por Sir Ney.

II - A primeira grande batalha que Dilma enfrentará será a guerra cambial.  Parece que o Rubinho se recusa a passar a quinta.

III - Franklin Martins, ao que parece, deixará o cargo que um dia já foi ocupado por Goebbels.  Em outro país e outra época, esclareço. 

IV - Pelas declarações dos tucanos, Serra não chegou em último, chegou em segundo numa disputa de dois.

V - Paul, o polvo, faleceu e Lula, o presidente, deixará o Palácio.  A coisa não está boa para os moluscos.

domingo, 31 de outubro de 2010

Charles Chaplin e a Viajante do Tempo

Alguém descobriu uma viajante do tempo no filme "O Circo", de 1928.  Aparentemente uma senhora passa por trás da zebra falando ao celular.  Bom, ao que parece o mistério já foi desvendado.


Contudo, há outras teorias para explicar o misterioso vídeo. Poderia ser, por exemplo, um aparelho amplificador para ajudar na audição...



Outros apostam em imagem adicionada posteriormente ao vídeo ou que a mulher está simplesmente cantando. E você? Qual é a sua teoria?

Livros e Vinhos: Sangue de Boi

Sangue de Boi é um vinho tinto, jovem, de aroma levemente frutado, elaborado a partir de uvas americanas, com forte coloração rubi, amassadas por delicados pés femininos (suave) ou por grosseiros pés de jogadores de várzea (seco), regadas a 10,7% de volume de álcool.  Harmoniza bem com a trilogia Crepúsculo, desde que os 4 litros sejam ingeridos antes do primeiro parágrafo, de uma tacada só.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Mito ou Realidade?

I. A origem do número sete com um traço no meio

A grafia do número 7 com um traço horizontal no meio remonta aos primórdios da colonização brasileira.  Os jesuítas, no processo de catequização, apresentavam os Dez Mandamentos a coronéis e políticos locais.  Ao chegar no sétimo,  "Não roubarás!", a platéia inconformada reclamava: "Corta o sete!  Corta o sete!"

II. A origem da dúzia

Muitos se perguntam o porquê de muitas coisas serem vendidas em dúzias e não em dezenas, uma vez que temos dez dedos nas mãos e dez botões numéricos no controle remoto da TV.  Devemos a culpa disso aos antigos mercadores fenícios.  Para fazer as contas de forma rápida, os gajos contavam as articulações dos dedos da mão.  O doze, desta forma, é a soma das três articulações dos dedos indicador, médio, anular e mínimo. Mas, e o polegar?  Ora, o polegar era o dedo usado para contar as articulações dos outros quatro dedos.

III. A origem do padrão brasileiro para plugues e tomadas

Outros tantos mostram-se confusos quando o assunto é o novo padrão brasileiro para plugues e tomadas.  Muitos se perguntam o porquê do padrão hexagonal achatado em um país triangular com muitas pessoas quadradas e obtusas.  Acontece que, após deliberarem inconclusivamente por vários anos em comissões, subcomissões, comissinhas, comissas e afins, um funcionário recém-admitido decidiu levar um cinzeiro da primeira aula de cerâmica para a repartição e este curioso artefato de argila foi confundido com o protótipo do novo padrão brasileiro pelo funcionário do turno da tarde!

Medley de Star Wars "a Capella"

Literalmente! Salvo algumas desentoadas aqui e acolá (principalmente próximas do final), é uma fonte de inspiração para os corais!  


Tônico do Pica-Pau

Ei você!  Sim, você, você mesmo!  Você que está aí, sonolento, meio sem saber por onde começar no trabalho!  Veja o tônico abaixo e tenha mais ânimo e disposição para encarar a disputa do dia a dia!


What a Wonderful World!

Apesar do Lula, da Dilma, do Serra e do Sarney; apesar do Dunga, do chororô dos botafoguenses, da zaga do Flamengo que sempre entrega o ouro e do Ronaldo que não se decide entre parar de engordar e engordar para parar; apesar de tantos terroristas, neonazistas, narcisistas, parasitas e cambistas; apesar do Domingão do Faustão, das Videocassetadas e das pegadinhas canadenses exibidas sem som durante os vôos; apesar de tanto arrastão, violência, descaso, acaso e ocaso no Rio de Janeiro; apesar de tudo isso e um pouco mais, este é definitivamente um mundo maravilhoso!


sábado, 11 de setembro de 2010

O Fantástico Vídeo dos Terráqueos

I. A apresentadora Glaucia Zeferino do programa Essência da All TV canta música para celebrar a importância da auto-estima.



II. Ladrão decide assaltar loja nos Estados Unidos com arma inusitada...



III. A Miss Carolina do Sul discorre sobre a importância dos mapas na educação americana.

Vale a pena conferir

I. O grupo australiano Axis of Awesome tenta provar que os grandes sucessos da música pop nos últimos 40 anos se baseiam em apenas 4 acordes.


II. Esquete do Monty Python mostrando uma inusitada partida de futebol entre Alemanha e Grécia disputada por grandes filósofos e Franz Beckenbauer ("Beckenbauer obviously a bit of a surprise there")

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Quantos filmes você consegue descobrir no vídeo abaixo?

De Flashdance a Cantando na Chuva, existem 40 filmes no vídeo a seguir.   Vale a pena tentar relembrá-los...

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Uma Comovente Cena de Novela

No capítulo de hoje, a bilionária greco-brasileira Atenas Aristóteles Eratósteles Pitágoras Sócrates Onassis Ptolomeu do Monte Olimpo recebe em sua mansão Lola, uma rude italiana do interior que criou Totó, o filho bastardo da bilionária.

(Totó entra na imensa sala da mansão e se depara com Atenas, Lola e a empregada).

Totó (com sotaque greco-romano): Tó̱ra! Ma che! Mamma agora vive qui na casa desta Atenas!   Vão querer parlar male de mio tesoro Kellen Helena, so̱stá?

(Atenas leva as mãos à boca em forma de oração. Lola se aproxima de Totó).

Lola : Figlio mio, tesoro de Lola! Ascolto tu mamma, um minuto, per favore.  Io e Atenas queremos apenas tu bene, tu felicità! Esta Kellen Helena, tua esposa, é una schifosa!

Atenas: Totó, eu sei que você tem todos os motivos para me detestar. Mas, entenda uma coisa: eu sou sua mãe!

Totó: Ma che! Ma che! (Totó gesticula enquanto caminha pela sala) Me abandonô quando io era piccolo! Isso...  Isso é papel de mãe? Hã? Parla, por Zeus!

(O clima fica pesado. A empregada leva uma das mãos à boca).

Atenas: Mas, o que você queria? Que eu, uma bilionária, assumisse a maternidade de uma aberração como você? Totó, entenda isso pela última vez: você era muito feio! Você nasceu todo peludo, com uma mancha preta horrível no olho!  Por isso lhe dei esse nome, Totó!

(A empregada deixa escapar um risinho).

Lola: Vero! Ma io cuidei de meu Totó com todo mio amore, non foi, figlio caro!

Totó: Tó̱ra! Epa! Ma che! Pensa que esqueci? Pensa que esqueci de quando você me mandava trazer os chinelos na boca?  Ou o jornal?  Se divertia pedindo para que io me fingisse de morto!

Lola: Io era una ignorante, Totó! Perdona-me!

(Totó estende a mão de forma ameaçadora.  Atenas é rápida).

Atenas: Totó! Senta!

(Totó se senta. Atenas olha para a empregada).

Atenas: E você? O que está fazendo aí parada? Traz um pão com mortadela e um Frolic para as visitas. Vamos! Chispa!

Empregada (sussurando): Com licença... (sai).

Atenas: Totó, essa mulher com quem você foi se casar... Ela é uma bandida, uma vadia, uma cachorra!

Totó (exaltando-se): Você non tem o direito de parlar così de Kellen Helena! Io amo Kellen Helena! E vocês... (levanta-se) vocês são duas vecchias muito maquiadas!

Lola: Totó! Senta! (Totó se senta) Non seja ingrato com Atenas. Tudo aconteceu há 60 anos... parece que foi ontem...

Atenas: Sim... As tropas de Mussolini estavam perseguindo as jovens greco-brasileiras bilionárias. Eu estava grávida de um cachorro que havia me abandonado, quando, durante uma fuga, a bolsa arrebentou... Enquanto eu estava lá tentando pegar as coisas que haviam caído da minha Louis Vuitton, você nasceu, Totó...

Lola: ...Io estava trocando o pneu de um trattore quando ouvi os gritos. Corri com o pneu na mão e lá encontrei Atena, horrorizada, olhando para você, Totó, no chão...

Atenas: ...e eu já havia cortado o cordão umbilical quando essa cretina jogou o pneu para eu segurar...

Lola (suspirando): Tão bello, mio piccolo Totó!...

Atenas: ...e eu acabei rolando ribanceira abaixo presa no pneu...

(A empregada retorna com pão com mortadela e uma vasilha com Frolic).

Empregada (servindo a Totó): Deseja leite?

Totó: Non, puro mesmo. Grazie!

Atenas: Então, Totó, desde então venho tentando me reaproximar de você... Mas isso não é importante, agora.  Por favor, escute.  Escute o que temos a lhe dizer!

Totó (terminando de comer): Va, va, va bene! Ma io quero provas! Provas de que Kellen Helena é isso tudo que estão dizendo!

(Atenas faz um sinal para a empregada que passa a fazer cara de choro).

Totó (sem entender): Ma che! Que é isso, agora? Uma empregada de preto e branco com cara de choro. Virou Botafogo, agora?

Atenas: Não, Totó. É que ela foi muito prejudicada pelo mau-caratismo da Kellen Helena...

Totó: Ma, prejudicada como?

Empregada (com voz de choro): É que ela... Seu Totó... Me envolveu num esquema de compra e venda de hipotecas nos Estados Unidos... No início, eu fiz até um pé de meia... Assumia a hipoteca pagando 20% a menos... Depois, eu pegava empréstimos nos bancos de lá, repassando a hipoteca... (a empregada se descontrola)

Atenas: Calma, Fulana.

Totó: Fulana?

Atenas (com voz cândida): é que eu nunca lembro o nome delas, assim eu não me esqueço, né Fulana!  (Fulana balança a cabeça positivamente). Mas, continue, o que foi que Kellen Helena fez?

Fulana: Ela me apresentou a um italiano, Salvatore Cacciola. Ele me convenceu a fazer operações financeiras com dólar futuro no Banco Marka. Com a desvalorização cambial de 1999, o banco ficou insolvente. No fim, acabei presa e ela ficou com meu dinheiro.

Lola: Ma che schifosa! É pior do que pensava!

Totó: Tó̱ra! Tó̱ra! Ma che! É uma triste história, ma e as provas? Io quero ver!

Atenas: Felizmente, a Fulana gravou tudo em uma fita de video-cassete.

Totó: E che é isso, fita de video-cassete?

Lola: É una vecchia midia de gravação. Se colocarmos em um aparelho de video-cassete, a imagem passa na TV.

Totó: Ma che! Non tinha DVD?

Atenas: Na época não, meu caro Totó. Apenas video-cassete. E Betamax!

Totó: Isso é enrolacione! Vou me embora! (se prepara para partir).

Lola, Atenas, Fulana: NÃO! TOTÓ, FICA! Por favor. É só ligar aqui na tomada e pronto!

Totó: Va, va, va bene! (Espera impacientemente).

(A empregada não consegue ligar na tomada e chama Atenas. A bilionária fica desapontada).

Lola: Ma che foi? Tá com defeito?

Atenas (desolada): Não é isso... É que a tomada agora é nesse ridículo padrão brasileiro e nosso vídeo-cassete betamax tem a tomada antiga, tradicional, de dois pinos... Aí, não consigo encaixar...

Totó: Tó̱ra! Façam-me o favor vocês duas! Passar bene! (sai).

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

10 Depoimentos Bombásticos que Abalarão o Mundo...

...pois atestam o sucesso deste blog!  Ou não.

1. "Gente, acho que tá mudo!" - loura confusa do Méier.
  
2. "Eu não sei de nada!" - Luiz (respeita o Januário) de Garanhuns.

3. "Sou o Zé, vote em mim" - spam registrado pedindo votos para o Zé.  Vai ver é o Zé Simão.

4. "Eu também estou junto com o Lula!  Vote em mim!" - comentário do Bob Esponja (e eu nem sabia que ele era candidato).

5. "Ainda sem linha?  Que saco!" - De novo a loura confusa do Méier.

6. "MaxPowerSex, novo revigorante sexual fabricado na Moldávia, divulgado para as maiores celebridades do mundo, inclusive para o presidente Lula." - outro spam usando a imagem de Lula.

7. "Sou um humorista que não pode fazer humor com os candidatos.  Assim, decidir fazer candidatos com humor" - de um humorista que virou marqueteiro de um candidato para ganhar dinheiro nessas eleições.

8. "Alô!  Oiii ?  Oiii?  TE-LE-FO-NE MU-DO!!!  Alôoooooo..." - ...a tal loura tentando se entender com a máquina da companhia telefônica para consertar o telefone sem perceber que computador não é telefone e que postar uma mensagem não é o mesmo que deixar um recado

9. "Sou o patrão do Bob que é amigo do Lula.  Estamos juntos nessas eleições pelo partido do Patrick Estrela!" - Senhor Siriquejo

10. "Ah, desculpa, foi engano!" - de novo a loura confusa do Méier, finalmente percebendo que computador não é telefone e que postar um comentário não é o mesmo que deixar um recado.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

NIETZSCHEntrevista Cefalópodes

No programa de hoje, Friedrich Nietzsche recebe a visita de Cefalópodes, o filósofo grego mais popular antes de Platão.

[Nietzsche entra sob aplausos de dois intelectuais vestindo calça fuseau, camisa de gola rolê e boina, observados por dois sujeitos barbados, barrigudos, vestindo calças jeans rasgadas e camisas xadrez]

Nietzsche: Obrrrigada. Ich rezeber hoje Zefalopoda, und philosopher grega muita popular, ya?

Cefalópdes: Companheiro, devo admitir que sou muito querido de onde venho...

Nietzsche: Ya. Maz, ich nunca ouvir falar de herr Zefalopoda antes!

Cefalópodes: É que vocês, americanos, ficam confinados somente naquele mundinho de vocês. Existe vida fora da América!

Nietzsche: Maz, ich non zer amerricano. Ich zer prussiano de nascimenta, maz de espírrita anti-alemon!

Cefalópodes: De onde eu venho também tem isso, meu companheiro. Têm os coríntios e os anti-coríntios. Muitas vezes, dá briga!

Nietzsche: Vamos mudarr de azunta. Herr Zefalopoda, fale maiz de seu obrrra...

Cefalópodes: Companheiro, eu gosto muito de usar metáforas para comentar minhas obras. Eu diria que minha obra é como a prima de Tróia: ela tem uma senhora retaguarda!

Nietzsche: Ich non entenderr. Poderria zer maiz espezífica? Quaiz zer zuas ideias?

Cefalópodes: Eu defendo uma República voltada para o povo pobre, esfomeado, aquele povo normalmente desprezado pela burguesia que só pensa em enriquecer a custa deste proletariado que muitas vezes não têm dinheiro sequer para pagar a condução e assim são obrigados a dormir nas ruas das grandes cidades...

Nietzsche: Ya, o ética do ezcrrrava. Muita prrática parra poucos pessoas dominar grrandes rebanhos. Tudo aquilo que se deseja, maz non zer possível obterrr, deve zer rejeitada...

Cefalópodes: Você fala engraçado, companheiro. Mas, eu defendo que o governo deve prover comida aos mais necessitados. Veja: tem que dar o peixe, mas depois ensinar a pescar.

Nietzsche: Porr que? Com und peixa na mon, ich non preeciza pescar!

Cefalópodes: Com fome, ninguém pesca, companheiro.

Nietzsche: Zem fome, ninguein pesca tambein.

Cefalópodes: Por Zeus, companheiro! Deveria Zeus deixar de dar boas colheitas quando nossos celeiros estivessem cheios? Ou deixaríamos de ter guerras quando já houvesse ódio suficiente em nossos corações?

Nietzsche: Herr Zefalopoda zer Zeus? As deuses eston mortas! Somos humanas,demaziadamente humanas! Que ezpezie de philosophia zer esta?

Cefalópodes: A do poder do voto.

Nietzsche: Maz, o que herr Zefalopoda defende?

Cefalópodes: Que decidamos no plebiscito!

Nietzsche: Maz, dezidamos o quê?

Cefalópodes: Se estou certo ou não!

Nietzsche: Zobrre o quê?

Cefalópodes: De eu dar o peixe, depois, a vara.

Nietzsche: Orra, prra quê?

Cefalópodes: Pra pescar, ora! [Volta-se para a plateia] Aqueles que têm fome e querem primeiro o peixe, depois a vara, levantem a mão!


[Os dois intelectuais levantam os braços, balançando freneticamente as mãos. Os dois brutos apenas observam com ar de repugnância.]

Cefalópodes: E aqueles que têm fome, mas querem primeiro a vara para poder pescar o peixe, levantem a mão!

[Os dois intelectuais abaixam as mãos e olham para o lado, com sorrisinhos sarcásticos. Os dois brutamontes apenas coçam a barba.]

Cefalópodes: Dois a zero, oba! Ganhei mais uma! Rê! Rê!

[O programa terá que ser interrompido, pois Nietzsche acaba de ter outro colapso. Enquanto as cortinas baixam, um dos intelectuais cochicha discretamente com o bruto ao lado: “Ora, homem! Por que você não levantou sua mão?” Ao que ele responde: “Não tenho fome...”]

Este foi mais um programa... NIETZSCHEntrevista

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Dez Aforismos Cretinos para um Dia mais Feliz

Muito antes do "tuíta", havia os aforismos. Exemplo: a chave para a felicidade plena é a ignorância absoluta. Assim, para você ter um dia mais feliz, deixo aqui alguns aforismos cretinos que certamente o farão se sentir um pouco mais idiota.

I - O mundo não passa mais por modismos. É acometido por surtos.


II - Tempos estranhos: zumbis estão indecisos sobre qual seria a melhor leitura: anjos ou vampiros?


III - A maior auto-recompensa é a sensação de alívio.


IV - O Rio de Janeiro é a cidade onde o direito de ir e vir fica pela metade, pois só há faixas reversíveis pela manhã.


V - Complemento apropriado para uma constatação inútil: a mãe do Lula nasceu pelada, analfabeta e desdentada. A do Zé também.


VI - Eleição é como festa de criança com chopp quente e refrigerante sem gás: você fica doido pra ser dispensado.


VII - Não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe. Mas, há também o Sarney.


VIII - No Rio de Janeiro, concessão é possessão.


IX - Antes de chegar ao pré-sal, a Petrobrás decidiu fazer água.


X - Tolstói revisto: Todas as famílias felizes se parecem. As infelizes também, graças ao Bolsa Família.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Cefalópodes e o Príncipe

Muito antes de Platão e Aristóteles, houve Cefalópodes, o mais popular filósofo grego da época.

Certa vez, um homem que se apresentara como Príncipe desafiou Cefalópdes a debater como seria a República. A discussão transcorreu assim:

- Companheiro - disse Cefalópodes no costumeiro tom informal - desculpe-me, mas como um monarquista poderia entender de República?

- Ora, meu caro Cefalópodes, sou um príncipe, não de um reino, mas sim do saber.

- Entendo. Semelhante ao Ronnie Von?

- Ronnie Von?

- É. Consultei o oráculo e me foi revelado que haverá um príncipe chamado Ronnie Von que terá este título, mas não terá reino. Ele será cantor.

- Cantor? Não consigo conceber a existência de um príncipe de uma arte tão reles!

- E o que um Príncipe do Saber entende de República? - insistiu Cefalópodes.

- Tudo, ora.

- Da antiga e da nova?

- De todas. Sou muito letrado.

- Arrá! Estou em vantagem: além de letrado, sou numerado também.

- Você é ridículo, suas concepções são absurdas! Só lhe dão crédito porque você é incrivelmente popular!

- Olha a inveja, companheiro.

- Inveja? Vejamos: qual seria sua concepção de República?

- Um Estado de todos!

- Isto é absurdo. Minha concepção de República é melhor: um Estado de poucos!

- Como assim "um Estado de poucos", companheiro? Não precisa a República de um exército com valorosos soldados para defender suas fronteiras?

- Sim...

- E de ter seu litoral guardado por uma poderosa esquadra naval?

- Sim...

- Não é papel da República incentivar as artes, o teatro, a poesia, a matemática, a filosofia?

- Sim...

- E não é dever da República garantir o sustento de seus cidadãos?

- Sim...

- Nesta República dos sonhos, os princípios de justiça não deveriam ser observados para todos os cidadãos?

- É fato...

- Ora, companheiro, então é forçoso admitir que se a República precisa de tudo isso, são necessárias insitituições públicas para prover tais serviços.

- Não é verdade. O Estado deveria tão somente criar condições para que os cidadãos naturalmente atinjam tais fins, não forçá-los através de instituições que não resolvem o problema e oneram o povo.

- Vou explicar através de uma metáfora.  Supondo ser o Olimpo uma República, sendo Zeus o governante, diria o companheiro que o Olimpo se aproxima mais da minha concepção ou da sua?

- Não entedi.

- Veja: no Estado governado por Zeus, há ministérios diversos, como os do amor, da guerra, dos mares, das cidades, da sabedoria, das artes, da justiça, das colheitas, da caça, do vinho, da alegria, do fogo, da família e até dos mortos... fora as secretarias, como a secretaria de trabalhos especiais do companheiro Hércules!

- Ora, isso é mitologia! No Olimpo, ninguém paga impostos! Os deuses simplesmente estalam os dedos e pronto! Diferente de nós, mortais, que não temos poderes mágicos!

- O companheiro vai me desculpar, mas dizer que Zeus está errado é admitir que nossa discussão está no fim...

- Como? Que espécie de argumentação é esta onde deuses são evocados? Isso é absurdo! Coisa de coríntios!

- Não fale mal de coríntios! Torço muito por eles, companheiro. Mas, deixemos o nhe-nhe-nhem de lado.  Como prova de minha boa vontade, vamos pedir um plebiscito aqui na praça para saber quem foi superior nesta discussão!

Assim, os gregos foram sendo chamados um a um e reunidos em círculo, com os dois debatedores no meio: cerca de vinte gregos atenderam ao pedido. Cefalópodes pediu a palavra e anunciou a plenos pulmões: "Companheiros! Temos aqui um impasse: de um lado, eu acho que Zeus está certo. Do outro, ele acha que Zeus está errado. Queremos saber quem venceu a discussão?"

O príncipe, irritado com o resultado, saiu chutando as pedras do caminho, prometendo retornar para finalmente derrotar Cefalópodes, o mais popular filósofo grego da época.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Cefalópodes, o Filósofo Mais Popular da Grécia

Muito antes de Aristóteles, Cefalópodes costumava passar horas na praia com Chtapódi, aprendiz do filósofo grego mais popular da época. Certo dia, Cefalópodes, após horas observando a partida de uma embarcação, decidiu discutir o assunto.

- Aquele barco que vai, tem um problema com ele.
- Não percebo, mestre. Algum buraco no casco?
- Sim, de certa forma. Vejamos: como todos sabemos, a Terra é plana...
- É fato, mestre. Tão certo quanto todas as estrelas girarem ao nosso redor!
- Pois então, sendo a Terra plana, não deveria o barco desaparecer em perspectiva, até virar um ponto? Mas, repare: primeiro o casco vai desaparecendo, depois os os mastros, até o barco sumir por completo.
- Nossa, mestre. É verdade! Qual seria a explicação para tal fenômeno?
- Penso em três possibilidades. A primeira, como você poderá julgar, é absurda. A Terra seria redonda!
- Mestre, essa só estagiário mesmo pra engolir... Próxima!
- A segunda é que o mundo termina ali. - diz Cefalópodes, apontando para o horizonte.
- Mas, mestre, atrevo-me a perguntar: se o mundo terminasse naquele grande abismo, por que o barco desceria tão devagar?
- Boa pergunta, Chtapódi. Vejo que está se preparando para o debate com Prióni. Na verdade, aqui entra a terceira possibilidade: o mundo não é composto por um plano, mas sim por dois planos.
- Nossa!
- Sim. Na verdade, se considerarmos dois planos a 180 graus um do outro, teríamos a impressão de um grande plano apenas.
- Nossa!
- Mas, o que aconteceria se os dois planos estivessem separados em 190 graus, não em 180?
- O que veríamos ali no horizonte seria o limite entre os dois planos, cuja segunda metade desceria suavemente, fazendo com que o barco desaparecesse devagar. É brilhante! Mas...
- Mas?
- Por esta teoria, o barco não deveria diminuir em perspectiva até o vértice, quando começaria a descer suavemente?
- SIm. Pensei sobre isso, Chtápodi. Por isso descartei esta terceira possibilidade e, com a quarta que apresentarei, acredito ter finalmente resolvido o problema da indústria naval deste país!
- Nossa!
- É algo mais simples. Primeiro, o mundo é plano.
- Faz sentido.
- Segundo, acredito que plataformas, correias e roldanas, operadas pelos deuses, façam o barco descer vagarosamente quando este atinge o horizonte.
- Mestre, é brilhante! Mas... e os planos originais?
- Façamos sem planos, Chtápodi.  Minha popularidade bastará para comprovar minha teoria.
- Nossa, mestre.  Você é o máximo!
- Máximo não, sou Cefalópodes mesmo.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

BEETHOVENtrevista:Tonho do Churros

No programa de hoje, Ludwig van Beethoven recebe Tonho do Churros, candidato a deputado nestas eleições.

Beethoven: Na prrrograma de hoja, rezebemos o visita do candidata a deputada, Herr Tonha do Tchurra.  Gute nacht, Herr Tchurra!

Tonho: Ei, seu alumão, cê fala enrolado... Num fala a língua de nóis todo não?  Aqui nóis fala brasileiro!

Beethoven: Ja, ich zaber.  Mas diga, herr candidata: o que voczê farrá pela pova?

Tonho: Prova?  Não, num tenho qui prová nada, não.  Num tô devendo.  Minha vida púbica é libidada.

Beethoven: Non entenderr... zeu brrazileirra zer muita avanzada.  Ich zer und pouca zurrda também. Herr Tonha zer ezcrritorra?

Tonho: Tenho unscritório sim, marré só fachada, tendeu?

Beethoven: Tender?

Tonho: Ah, sim.  No Natal eu dou cesta básica pros carente, seleito for.  Má na leição, dou umas dentadura, umas camisa véia que é marbarato mermo.

Beethoven: Mermaid?

Tonho: Tá pegano, hein alumão!  É isso aí, mermão!

Beethoven: Que zer eza mermaid?

Tonho: Mermão é você, alumão!  Vocé é meu chapa, meu peixe, mermão!

Beehtoven: Isto zer und pouca confuza.  Herr Tonha, ich ezcutar que vozê terr difuldada na campanha.  Poder falarr maiz sobrra o azunta?

Tonho: Pois é, mermão.  Meu mó pobrema é encontrá um cara baratinho pra fazer o jingou da campanha...

Beethoven: Ha!  Musik!  Agorra zim, falamos o mesma língua, herr Tonha...

Tonho: É, seu alumão, sacumé, né?  Eu mermo dô minhas peruadas e escrevinhei essas letra torta... [passa um papel amassado para Beethoven].

Beethoven [lendo o papel]: "Nezas eleizon /  non fique em zima do murra / O deputada do povon / Vem com Tonha do Tchurra!" [Tonho pega o papel de volta]

Tonho: Ei, seu alumão, num lava a mala não, mas com esse sutaque de gringo cê tá matano minha letra.  Toma aí, batuca nessa caixinha de fósfo qui eu levo no gogó! [Passa uma caixinha de fósforos para Beethoven que fica surpreso com aquele estranho instrumento improvisado].

Tonho [percebendo o desconforto do apresentador]: Ei, alumão.  Cês num tendem nada di samba mermo, né.  É assim, ó  [mostra como batuca na caixinha de fósforos com a ponta dos dedos].  Sacou?

Beethoven [colocando a caixinha perto do ouvido]: Ich vai tentar.

Tonho: Vamo lá.  É um, e dois e... [Canta enquanto Beethoven batuca na caixinha]

Nessas eleição
Não vou ficar sobre o muro
O deputado do povão
Sou eu, Tonho do Churro...

Defensor dos seu direito
E também dos seu esquerdo
Seu amigo do peito
Que acorda todo dia cedo.

As popozuda me conhece
Eu sou homi di labuta!
Chega de muié fruta
Agora é a vez do Churro!

Se liga no refrão:

Nessas eleição
Não fico sobre o muro
O deputado do povão
Sou eu, Tonho do Churro... "

Beethoven: Eu farria em Ré menor, Finale presto!  Baixa, quarteta, corro.  Talvez con flautinz e flautas, oboés, clarrinetes, fagotes, contrrafagote, trrompas, trrompetes, trrombones, corrdas e esto caitcha de fozforr como percuzon!  Ja!

Tonho: Ei, seu alumão!  Num vai botano a parentada não, qui num tenho grana prá bancá esses mulambo não!

Beethoven: Mas izza zer o bázica do obrra!

Tonho: Que mané, obra!  O alumão, tá doidão, é?  É pra tocar!  Cê toca alguma coisa?

Beethoven: Bom, eu escrrevi alguns zucessos...

Tonho: Sério?  Você?  Tá tirando onda, né alumão!?  Diz aí: que qui o alumão fez de sucesso?

Beethoven: Zinfonia Numerra 5 em Dó Menorr.

Tonho: Nunca ouvi.  Se fez sucesso, foi só lá na tua comunidade, alumão!  Diz outa!


Beethoven: Ah, o nona zinfonia... Zer um final grrandioso!

Tonho: É Calypso?

Beethoven: Hã?

Tonho: O Calypso gravou?

Beethoven: Que zer kalispso?  Und orrquestra?

Tonho: Já vi que ninguém conhece suas música, alumão.

Beethoven: Arrre!  Ninguein me leva a sérria!

Tonho: Tá brincando, alumão?  Então: topa produzir meu jingou?

Beethoven: Ja, ja!  Eztar muita difízil hoje viverr do musik.  Tenho que fazerr bica com ezta prrograma e azeito o trabalha.  Quanto ich receberr?

Tonho: Uma caixa de cerveja agora e um cargo de cessor se eu fô eleito.  Então, topa?

Beethoven: Poco allegro, maz que fazerr!

Tonho: Então tá.  É um, é dois, é... [Canta com Beethoven batucando na caixinha]

"Nessas eleição
Não fico sobre o muro
O deputado do povão
Sou eu, Tonho do Churro... "

[Este foi mais um programa... BEETHOVENtrevista!]

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

No Meio da Avenida, Havia uma Passarela

I - Eis a brilhante passarela em construção pelo Metrô do Rio para ligar a estação Cidade Nova à sede administrativa da Prefeitura, no lado oposto da Presidente Vargas.
Note que a passarela não possui acesso às calçadas onde há pontos de ônibus.

II - Eis uma visão aérea da Presidente Vargas, no local da construção da passarela.
Exibir mapa ampliado


III- E percebam como as pessoas atravessarão a avenida para poder pegar o ônibus (a parte superior mostra o canal do mangue).

A Velha Comédia da Vida Privada

É uma tarde chuvosa de Agosto e as maiores cabeças da Slave Corporation discutem a redação da nova política de uso de carros da empresa.

- Eu acho que esta política precisa ser ambientalmente sustentável. Incentivar que nossos funcionários usem carros com alta emissão de CO2 pode gerar uma imagem negativa para nossa empresa.
- Concordo. Anota aí: carros... ou melhor,veículos cujo combustível seja derivado do petróleo não poderão ser utilizados...
- Eu tenho uma dúvida. A utilização de veículos não-movidos a derivados de petróleo seria economicamente viável para reembolso de combustível?
- Sim, mas poderíamos colocar um teto para o valor do reembolso. Que tal 100 dólares por mês?
- Melhor colocar que o reembolso se aplica somente a combustíveis derivados de petróleo.
- Faz sentido.
- Mas, quem seria elegível a este benefício?
- Bom, eu retiraria da lista aqueles que se locomovem de ônibus, van, trem ou metrô. Essas pessoas já se locomovem de forma sustentável, utilizando transportes coletivos. O benefício, neste caso, não seria recomendável.
- Muito bem. Bom, de minha parte, eu também não consideraria aqueles que já possuem carro. Muitos não conseguiriam, por exemplo, estacionar um carro adicional na garagem...
- Bem colocado. Deveríamos excluir aqueles que não possuem vaga de garagem em casa...
-... Ou no trabalho...
- Ou trabalho, obrigado, excetuando-se os portadores de deficiências físicas...
- Deficiência física não é um bom termo. Talvez portadores de necessidades especiais...
- Necessidades especiais? De que tipo? Eu mesmo tenho várias!
- Como?
- Sou alérgico. Não posso trabalhar em local com carpete, tapete, ar-condicionado sujo, e por aí vai.
- Que tal: “portadores de deficiências físicas que tenham necessidades especiais”?
- Estamos falando de todas as deficiências físicas ou apenas daquelas de locomoção?
- Locomoção!
- Todas!
- Podemos pensar em algo como “portadores de deficiências físicas ligadas à locomoção ou outras que tenham necessidades especiais”?
- Mas, qual é a vantagem de discutir outras deficiências? Estamos falando de locomoção, não?
- Talvez devamos marcar outra reunião para discutir melhor o assunto. Enquanto isso, vamos colocar a idéia no ‘parking lot’ e tratar apenas dos portadores de deficiências físicas que impeçam total ou parcialmente a locomoção...
- ... ou a captura e manuseio de objetos...
- Bem lembrado.
- O que estamos discutindo mesmo?
- A política de uso global de veículos na nossa empresa. Falta um texto introdutório.
- Tem que falar da estratégia...
- ... nossas competências...
- ... sociedade sustentável...
- ...vinte linhas no máximo...
- Acho que ficou bom. Vejam aí:

Nova Política de Concessão de Carro da Empresa


De acordo com as competências corporativas exigidas para a alavancagem da estratégia de forma ambientalmente sustentável, a política de concessão de carros para funcionários desta organização foi revista de forma a adquirir as competências corporativas exigidas para a alavancagem da estratégia de forma ambientalmente sustentável.


Elegibilidade


São elegíveis os funcionários que não se utilizam de transportes coletivos para se locomover, bem como aqueles que não se utilizam de meios de transporte particulares (carro, moto ou veículos não motorizados), excetuando-se desta lista os portadores de deficiências físicas que impeçam total ou parcialmente a locomoção ou a captura e manuseio de objetos.

Parágrafo primeiro: aqueles que não possuem vagas de estacionamento em casa e no trabalho também não são elegíveis pela nova política.

Parágrafo segundo: apenas a utilização do veículo para atividades de negócio com o cliente será considerada para fins de reembolso.


Reembolso


Está contemplado na política apenas o reembolso de aluguel de veículos movidos a combustíveis não-derivados do petróleo, sendo que o reembolso de combustível é válido apenas para aqueles derivados do petróleo.

A política entra em vigor imediatamente, revogando-se as disposições em contrário.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

NIETZCHEntrevista

Hoje, Friedrich Nietzche recebe a visita do jornalista americano Clark J. Kent.

Nietzche: Carro Clarrk, qual serr o zua orrigem?

Clark: Well, eu cresci numa pequena cidade do Kansas...

Nietzche: Ja!  Literralmentche!  (risos) [Nota: trocadilho sobre Smallville]

Clark: Meus pais John e Mary eram fazendeiros, pessoas simples, íamos às missas todos os domingos e...

Nietzche: Herr Kent ainda acrredita em Deus?

Clark: Bom, sabe como é, eu tento ajudar os terráqueos da melhor forma...

Nietzche: Ja, mass se os terraqueas acrreditam em Deus, porrque os zerviças de Herr Kent serriam úteis?

Clark: Bom, eles precisam acreditar em Deus para praticar o bem, não?

Nietzche: Nein! Nein! Nein!  A homem non prrecisa de auto-piedatzche e submizon!   A homem prrecisa tentar superrar o prrópria homem!

Clark: Sei, sei.  Você vai falar do super-homem, não?

Nietzche: Ja!  Herr Kent parrece ter lida meu obrra.
Clark: Já, já li sim.
Nietzche: E o que Herr Kent penza?

Clark: bom... [Clark tira os óculos, afrouxa a gravata, solta o cinto da calça, puxa a camisa social, guarda o relógio, abaixa-se para desamarrar os sapatos e tirá-los juntamente com as meias, finalmente consegue tirar as calças, abre uma bolsa, saca duas botas vermelhas de cano longo e as calça... Tudo isso demora aproximadamente 5 minutos.] ... Eu sou O Super-Homem!

Nietzche: Que palhazada zerrr esta?  Issa zer coisa do R. Fagner!

[Entra Raimundo Fagner]

Fágner: Póóóóbre cóóóração, sempre escravo da tééérnura!

Nietzche: Que ser esta?  Ich falar de Richard Fagner, nicht de Raimundo Fagner!

[Sai Raimundo Fagner]

Nietzche: Agorra, Herr Kent pode ezplicarr que palhazada zerr esta?  Herr Kent estarr de cueca rot por zima de un calza fuseau blau, uzando botas rot cana longa.  Parreze um trraveztche, nicht der Superrome!

Clark: Não me reconhece?  Sou eu que trago paz e tranquilidade ao mundo!

Nietzche: Herr Kent non tem eztado muito na Orriente Médio...

Clark: Eu uso meus super-poderes em prol de um mundo melhor!

Nietzche: Herr Kent evitou o crrrise da sub-prrime no Amerrica?

Clark: No.

Nietzche: Herr Kent conzertou o Grrezia?

Clark: No.  Nem sei onde fica.  Não ensinam isso nas escolas públicas do interior do Kansas!

Nietzche: No conhece o Grrezia?  Herr Kent nunca lerr Platon, Zocrates or Arristoteles?  Nunca ouvirr falar de Dionizia e Apola?

Clark: No.  Eles são conhecidos nessa Grécia?

Nietzche: Que ezpecie de superrome ridicula zerr Herr Kent?

Clark: Bom, eu protejo os céus da América contra os perigos do espaço e de super-vilões.

Nietzche: Ah!  Agorra eu entenderr.  Herr Kent captuprrou Osama Bin Laden!  Que boa notizia!

Clark: Err... Nope.  Na verdade não capturei, não.

Nietzche: Mas... que espezie de superrvilon Herr Kent combate?

Clark: Qualquer um que queira dominar o mundo usando de mecanismos tão complexos que dificilmente teriam êxito, mesmo que ninguém interviesse.

Nietzche [Exasperando-se]: Issa zó poder zer coisa do Fagner!

[Entra Raimundo Fagner]

Fagner: Quisera ser um peixe!  Para em teu límpido aquário mééérgulhaaar!
Nietzche: Zai!  Forra daqui! Forra!
[Sai Raimundo Fagner]

Nietzche: Maz, porr que esse roupa ridicula?  Herr Kent zer parrente de Immanuel Kant?

Clark: No. [risos] Meu Kent é com "e", não com "a"!

Nietzche: Ja?

Clark: Não, e!

Nietzche: Nein?

Clark: É!

Nietzche: Herr Kent zer muito confuza.  Eztamos andanda em zírculas, um eterrna retorrna!  Mas Herr Kent non luta parra zer melhorr do que ele já zer!

Clark: Claro.  Isso seria inútil, já que eu sou a criatura mais poderosa que existe.

Nietzche: Mais poderrosa que Deus?

Clark: Bom... aí você me pegou, já que Deus inventou a kryptonita, um mineral do espaço que me deixa fraco.

Nietzche: Nein! Nein! Nein!  Herr Kent non zer superromem!  Herr Kent zer um devota!

Clark: Mas... como explicar tamanha abundância de kryptonita na Terra?  Tem que ser um milagre, só pode ser!

Nietzche: Herr Kent zer igual a Fagner!

Fagner: Fazer bóóórbulhas de amor prá te encantaaaar!

Nietzche: Genug!  Zai! Forra daqui! Forra! Forra! 

[Sai Raimundo Fagner]

Nietzche: E Herr Kent também, com esse ridicula fantasia de trraveztche!  Forra!  Forra!  E non deixa seus roupas espalhadas aqui!

Clark: Cara mais grosso.  Eu posso só fazer uma pergunta antes de sair.  É só uma curiosidade...

[Nietzche aponta a porta para Kent]

Clark: ... esse seu sotaque... Você é francês, não é?

Nietzche: Burra!  Estupida!  Icht zer anti-alemon!  Non zer coma Fagner!

[Volta Fagner]

Fagner: Passar a noite em claaaro... Dentro de ti!...


[O programa terá que ser encerrado pois Nietzche acaba de sofrer um colapso.  Voltaremos em breve com mais notícias sobre o estado de saúde do nosso famoso entrevistador.]


Este foi mais um programa...  NIETZSCHEntrevista