Muito antes de Aristóteles, Cefalópodes costumava passar horas na praia com Chtapódi, aprendiz do filósofo grego mais popular da época. Certo dia, Cefalópodes, após horas observando a partida de uma embarcação, decidiu discutir o assunto.
- Aquele barco que vai, tem um problema com ele.
- Não percebo, mestre. Algum buraco no casco?
- Sim, de certa forma. Vejamos: como todos sabemos, a Terra é plana...
- É fato, mestre. Tão certo quanto todas as estrelas girarem ao nosso redor!
- Pois então, sendo a Terra plana, não deveria o barco desaparecer em perspectiva, até virar um ponto? Mas, repare: primeiro o casco vai desaparecendo, depois os os mastros, até o barco sumir por completo.
- Nossa, mestre. É verdade! Qual seria a explicação para tal fenômeno?
- Penso em três possibilidades. A primeira, como você poderá julgar, é absurda. A Terra seria redonda!
- Mestre, essa só estagiário mesmo pra engolir... Próxima!
- A segunda é que o mundo termina ali. - diz Cefalópodes, apontando para o horizonte.
- Mas, mestre, atrevo-me a perguntar: se o mundo terminasse naquele grande abismo, por que o barco desceria tão devagar?
- Boa pergunta, Chtapódi. Vejo que está se preparando para o debate com Prióni. Na verdade, aqui entra a terceira possibilidade: o mundo não é composto por um plano, mas sim por dois planos.
- Nossa!
- Sim. Na verdade, se considerarmos dois planos a 180 graus um do outro, teríamos a impressão de um grande plano apenas.
- Nossa!
- Mas, o que aconteceria se os dois planos estivessem separados em 190 graus, não em 180?
- O que veríamos ali no horizonte seria o limite entre os dois planos, cuja segunda metade desceria suavemente, fazendo com que o barco desaparecesse devagar. É brilhante! Mas...
- Mas?
- Por esta teoria, o barco não deveria diminuir em perspectiva até o vértice, quando começaria a descer suavemente?
- SIm. Pensei sobre isso, Chtápodi. Por isso descartei esta terceira possibilidade e, com a quarta que apresentarei, acredito ter finalmente resolvido o problema da indústria naval deste país!
- Nossa!
- É algo mais simples. Primeiro, o mundo é plano.
- Faz sentido.
- Segundo, acredito que plataformas, correias e roldanas, operadas pelos deuses, façam o barco descer vagarosamente quando este atinge o horizonte.
- Mestre, é brilhante! Mas... e os planos originais?
- Façamos sem planos, Chtápodi. Minha popularidade bastará para comprovar minha teoria.
- Nossa, mestre. Você é o máximo!
- Máximo não, sou Cefalópodes mesmo.
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