segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Cefalópodes, o Filósofo Mais Popular da Grécia

Muito antes de Aristóteles, Cefalópodes costumava passar horas na praia com Chtapódi, aprendiz do filósofo grego mais popular da época. Certo dia, Cefalópodes, após horas observando a partida de uma embarcação, decidiu discutir o assunto.

- Aquele barco que vai, tem um problema com ele.
- Não percebo, mestre. Algum buraco no casco?
- Sim, de certa forma. Vejamos: como todos sabemos, a Terra é plana...
- É fato, mestre. Tão certo quanto todas as estrelas girarem ao nosso redor!
- Pois então, sendo a Terra plana, não deveria o barco desaparecer em perspectiva, até virar um ponto? Mas, repare: primeiro o casco vai desaparecendo, depois os os mastros, até o barco sumir por completo.
- Nossa, mestre. É verdade! Qual seria a explicação para tal fenômeno?
- Penso em três possibilidades. A primeira, como você poderá julgar, é absurda. A Terra seria redonda!
- Mestre, essa só estagiário mesmo pra engolir... Próxima!
- A segunda é que o mundo termina ali. - diz Cefalópodes, apontando para o horizonte.
- Mas, mestre, atrevo-me a perguntar: se o mundo terminasse naquele grande abismo, por que o barco desceria tão devagar?
- Boa pergunta, Chtapódi. Vejo que está se preparando para o debate com Prióni. Na verdade, aqui entra a terceira possibilidade: o mundo não é composto por um plano, mas sim por dois planos.
- Nossa!
- Sim. Na verdade, se considerarmos dois planos a 180 graus um do outro, teríamos a impressão de um grande plano apenas.
- Nossa!
- Mas, o que aconteceria se os dois planos estivessem separados em 190 graus, não em 180?
- O que veríamos ali no horizonte seria o limite entre os dois planos, cuja segunda metade desceria suavemente, fazendo com que o barco desaparecesse devagar. É brilhante! Mas...
- Mas?
- Por esta teoria, o barco não deveria diminuir em perspectiva até o vértice, quando começaria a descer suavemente?
- SIm. Pensei sobre isso, Chtápodi. Por isso descartei esta terceira possibilidade e, com a quarta que apresentarei, acredito ter finalmente resolvido o problema da indústria naval deste país!
- Nossa!
- É algo mais simples. Primeiro, o mundo é plano.
- Faz sentido.
- Segundo, acredito que plataformas, correias e roldanas, operadas pelos deuses, façam o barco descer vagarosamente quando este atinge o horizonte.
- Mestre, é brilhante! Mas... e os planos originais?
- Façamos sem planos, Chtápodi.  Minha popularidade bastará para comprovar minha teoria.
- Nossa, mestre.  Você é o máximo!
- Máximo não, sou Cefalópodes mesmo.

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