sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Invictus

Seguindo a série de filmes que concorrem a alguma premiação do Oscar, fui assistir a "Invictus", de Clint Eastwood.  O filme é uma boa Sessão da Tarde, simpático, agradável e recheado de clichês.  Lembram-se de Karatê Kid e o infalível mestre Miyagi?  Pois é, em "Invictus", o papel de Pat Morita é defendido por Morgan Freeman, só que na pele de Nelson Mandela.

O Mandela de Eastwood tem sempre uma resposta serena e sábia para tudo.  Se alguém dá bom dia, o sr. Miyagi negro sorri e fala alguma coisa profunda.  E, é claro, há o rapaz que é tocado pelos ensinamentos do mestre.  Este é François Pienaar, papel de Matt Damon.  Falta agora o esporte.  Existem filmes de superação no boxe, karatê, kung-fu, automobilismo, surfe, patinação no gelo, basquete, futebol americano, futebol...  Agora chegou a vez do rugbi.  E melhor: como a história realmente aconteceu, a resposta para todas as críticas fica prontinha no forno: "mas, é baseado em fatos reais, não podia ser diferente!!!"

Vale pela pipoca, mas nada que mereça premiação.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

E o Oscar vai para...

O Oscar mudou.  Em 2010 foram dez indicações para melhor filme, a saber:

"Avatar", de James Cameron;  "Um sonho possível", de John Lee Hancock;  "Distrito 9", de Neill Blomkamp;  "Educação", de Lone Scherfig;  "Guerra ao terror", de Kathryn Bigleow;  "Bastardos inglórios", de Quentin Tarantino; "Preciosa", de Lee Daniels; "Um homem sério", de Ethan e Joel Coen.  "Up", de Pete Docter e Bob Peterson e "Amor sem escalas", de Jason Reitman.

Não consigo entender como "Avatar" e "Distrito 9" podem concorrer a melhor filme.  O primeiro é o "Dança com Lobos" alienígena 3D.  O segundo, "A Mosca" e "Inimigo Meu" em Joanesburgo. Darão ótimas sessões da tarde daqui a alguns anos (como "Titanic" e "Shakespeare Apaixonado", dois grandes equívocos da academia), mas estão muito longe de merecer premiação de melhor filme. 

Há dois argumentos possíveis aqui: primeiro, o rigor na seleção dos concorrentes ao prêmio vem decrescendo, pois a qualidade dos filmes vem caindo.   Neste caso, para quê aumentar a lista de concorrentes?   Já é difícil encontrar cinco, quanto mais dez!  Segundo argumento: a academia de cinema de Hollywood busca aumentar a popularidade do Oscar ao redor do mundo.  Mas, desde quando o MTV Awards virou uma ameaça para aqueles simpáticos senhores de cabelos brancos?

Contudo, o que me preocupa não são as escolhas para o Oscar, mas sim a pasteurização da percepção das pessoas a partir de um 'big-bang' que surge sabe-se lá aonde.  Exemplo: recentemente tivemos a aclamação de "Million Dollar Baby", de Clint Eastwood.  O filme é um apanhado de clichês com situações totalmente inverossímeis: a primeira metade, é o Rocky de saias, a segunda, um dramalhão mexicano de quinta categoria.  Contudo, vá encontrar por aí quem pense assim?

Como surge o 'big-bang' de uma determinada avaliação para mim é uma incógnita, mas observo que a velocidade de aceitação é cada vez maior e inversamente proporcional à capacidade de avaliação e crítica do homem moderno.

PS: O efeito da pasteurização de opinião e falta de postura crítica também ocorre na literatura, como ficou comprovado com o recente sucesso de "O Código Da Vinci".  Sem entrar nos aspectos religiosos, tente responder: você conhece algum gerente de um banco seleto e famoso que mora no andar superior da agência?  E por que a última linha de defesa de um segredo revolucionário é uma faixa amarela numa igreja dizendo "área restrita", não passe?

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Love Movies - O Suplício das Traduções

I - "Amor sem escalas" - ótimo filme para um título em português pouquíssimo inspirado. Não há nada de amor em "Up in the air": a turma que bolou o nome em português deveria no mínimo ter assistido ao filme.

II - Ou não.  Outro dia estava passando "Suplício de uma Saudade", filme de 1955 com William Holden cuja música tema "Love is a Many Splendored Thing" toca quase a cada minuto. O título em português, neste caso, além de não captar o sentido original (mesmo da música tema), ainda entrega o final do filme. Já pensaram o que seria de "The Sixth Sense" traduzido para "Uma Ajuda do Além"?

III - Alguns equívocos de traduções acabaram se consagrando por aqui.  Dois exemplos: "The Physician", livro de Noah Gordon, virou "O Físico", ao invés de "O Médico".  "Cat on a Hot Tin Roof" virou "Gata em Teto de Zinco Quente", ignorando a diferença entre teto e telhado.

IV - Ainda sobre títulos: "Up in the air" - "Amor sem Escalas". "West Side Story" - "Amor Sublime Amor". "Love is a Many Splendored Thing" - "Suplício de uma Saudade". "The Holliday" - "O Amor não Tira Férias". A julgar pelas nossas traduções, amor e love são coisas distintas, de difícil associação.