quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

E o Oscar vai para...

O Oscar mudou.  Em 2010 foram dez indicações para melhor filme, a saber:

"Avatar", de James Cameron;  "Um sonho possível", de John Lee Hancock;  "Distrito 9", de Neill Blomkamp;  "Educação", de Lone Scherfig;  "Guerra ao terror", de Kathryn Bigleow;  "Bastardos inglórios", de Quentin Tarantino; "Preciosa", de Lee Daniels; "Um homem sério", de Ethan e Joel Coen.  "Up", de Pete Docter e Bob Peterson e "Amor sem escalas", de Jason Reitman.

Não consigo entender como "Avatar" e "Distrito 9" podem concorrer a melhor filme.  O primeiro é o "Dança com Lobos" alienígena 3D.  O segundo, "A Mosca" e "Inimigo Meu" em Joanesburgo. Darão ótimas sessões da tarde daqui a alguns anos (como "Titanic" e "Shakespeare Apaixonado", dois grandes equívocos da academia), mas estão muito longe de merecer premiação de melhor filme. 

Há dois argumentos possíveis aqui: primeiro, o rigor na seleção dos concorrentes ao prêmio vem decrescendo, pois a qualidade dos filmes vem caindo.   Neste caso, para quê aumentar a lista de concorrentes?   Já é difícil encontrar cinco, quanto mais dez!  Segundo argumento: a academia de cinema de Hollywood busca aumentar a popularidade do Oscar ao redor do mundo.  Mas, desde quando o MTV Awards virou uma ameaça para aqueles simpáticos senhores de cabelos brancos?

Contudo, o que me preocupa não são as escolhas para o Oscar, mas sim a pasteurização da percepção das pessoas a partir de um 'big-bang' que surge sabe-se lá aonde.  Exemplo: recentemente tivemos a aclamação de "Million Dollar Baby", de Clint Eastwood.  O filme é um apanhado de clichês com situações totalmente inverossímeis: a primeira metade, é o Rocky de saias, a segunda, um dramalhão mexicano de quinta categoria.  Contudo, vá encontrar por aí quem pense assim?

Como surge o 'big-bang' de uma determinada avaliação para mim é uma incógnita, mas observo que a velocidade de aceitação é cada vez maior e inversamente proporcional à capacidade de avaliação e crítica do homem moderno.

PS: O efeito da pasteurização de opinião e falta de postura crítica também ocorre na literatura, como ficou comprovado com o recente sucesso de "O Código Da Vinci".  Sem entrar nos aspectos religiosos, tente responder: você conhece algum gerente de um banco seleto e famoso que mora no andar superior da agência?  E por que a última linha de defesa de um segredo revolucionário é uma faixa amarela numa igreja dizendo "área restrita", não passe?

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