quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

As Cinco Coisas mais Inexplicáveis e sem Explicação da Vida do Carioca

Descobri o poder das listas: além da polêmica - o que leva a fantásticos picos de um acesso por semana neste blog, elas exercitam a habilidade da concisão.

Desta vez, escolhi falar das cinco coisas mais inexplicáveis da vida do carioca.

I - As faixas reversíveis no Rio somente pela manhã.  Se de manhã elas são necessárias para o acesso mais rápido ao Centro, por que elas não existem de tardinha, na volta para casa?  Se é por causa do fim do expediente do funcionalismo público, por que a Linha Amarela, a via urbana particular mais cara do Brasil, também não tem?

II - As faixas reversíveis no Rio somente pela manhã, localizadas somente em algumas vias da Zona Sul, Zona Oeste e a Linha Amarela.  Ora, existe alguma explicação para a Avenida Brasil, estrada Grajaú-Jacarepaguá, Avenida Presidente Vargas e Radial Oeste não terem faixas reversíveis?

III - A Vila do Pan.  A Vila do Pan é o mais inacreditável conto do vigário aplicado no carioca.  O local onde antes havia um mangue foi aterrado pela Prefeitura e cedido (com trocadilho) para uma empreiteira erguer os fabulosos alojamentos dos atletas do Pan.  Não bastasse a dinheirama para financiar o empreendimento, os apartamentos foram postos à venda para o carioca a preços exorbitantes.  Ao final do evento, alguns prédios começaram a afundar no mangue e as vítimas do golpe ficaram sem dinheiro, sem imóvel, sem portaria e sem mangue.  Por que ambientalistas e entidades defensoras dos direitos se omitiram?

IV - A Cidade da Música.  A Cidade da Música é uma espécie de Vila do Pan da música clássica.  Este golpe, diga-se de passagem, foi aplicado também na família Marinho que injetou uma grana preta (aliás, alguém sabe por que a grana é preta se o dinheiro é colorido?) neste elefante branco e, diante do fracasso, teve que retirar o nome "Roberto Marinho" do empreendimento.  Por que nenhum gestor público foi punido com este claro desperdício do erário?  Por que os Marinhos não vigam o nome vilipendiado do patriarca chamando os Maias para um duelo ao pôr do sol?

V - A separação do lixo.  Acho muito bacana ensinarmos aos pequenos a imporância de separarmos garrafas de vidro, plásticos, papelões, latinhas, alimentos orgânicos, pilhas e baterias, tudo isso para a Comlurb chegar com aquele caminhão barulhento às duas da manhã e jogar tudo na caçamba para desovar num aterro sanitário.   Para quê separamos o lixo, se não há coleta seletiva?
 

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Idade das Trevas

O Brasil é um país abençoado.  De todas as catástrofes naturais possíveis, somos acometidos por apenas duas: excesso e falta de chuvas.  Nada de terremotos, maremotos, ciclones, tufões e tornados (só o Tony).  No entanto, como civilização nós somos muito, muito, muito primários.  Comparados aos países de primeiro mundo, diria que somos bárbaros.
 
Nosso plano de risco para estes dois desastres naturais resume-se à dança tribal para mandar chuva e à oração para mandá-la embora.  Há mais de 2.00 anos atrás, os incas faziam isso no alto dos Andes, apaziguando a fúria dos deuses com o holocausto humano.  É incrível que, tanto tempo depois, tenhamos evoluído apenas no ritual, permanecendo o conteúdo congelado por todo esse tempo.
 
A falácia das autoridades sobre desastres naturais também não mudou muito.  Inverte-se a causa com o efeito para que, propositadamente, ninguém possa ser responsabilizado pelas tragédias.  Da mesma forma que o prefeito não tem como controlar as chuvas, o sacerdote não tinha como controlar os caprichos dos deuses, mesmo com a fartura de oferendas e sacrifícios.
 
Ora, o mínimo que se espera das autoridades municipais é um plano de risco que funcione.  Afinal de contas, outros desastres ocorrerão, com maior ou menor intensidade.  E, sem um plano que oriente a população nestes casos extremos, só estaremos trocando a ordem dos sacrifícios humanos: antes do desastre, no caso dos Incas, depois, no caso brasileiro.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Os Piores Filmes de Ficção Científica de Todos os Tempos

Listas são de fato fascinantes.  No interlúdio deste início de ano, a NASA, na falta do que fazer, publicou uma lista com os piores filmes de ficção de todos os tempos, encabeçada pelo recente 2012.  Imagino que o critério tenha sido o embasamento científico dos filmes - quanto mais canhestro, pior.
 
Segundo a agência espacial norte-americana, os cinco piores filmes de ficção de todos os tempos são:
 
1. 2012 ("2012", 2009)
2. O Núcleo - Viagem ao Centro da Terra ("The Core", 2003)
3. Armageddon ("Armageddon", 1998)
4. Volcano - A Fúria ("Volcano", 1997)
5. Reação em Cadeia ("Chain Reaction", 1996)
 
Cá entre nós, há filmes piores de ficção científica, como estes a seguir...
 
1. Papai Noel Conquista os Marcianos ("Sant Claus Conquers the Martians", 1964.  Diretor: Nicholas Webster). 
 
Este filme tem o mérito de ser considerado também um dos piores filmes de Natal de todos os tempos.  A sinopse já diz tudo: em Marte, as crianças gastam horas diante da televisão assistindo aos programas da Terra.  Preocupado com o vício dos filhos, o rei do planeta consulta uma espécie de vizir que o alerta para uma iminente ruptura do sistema e sugere que seja criado um Papai Noel marciano para entreter as crianças.  O rei, então, decide sequestrar Papai Noel para que ele fabrique e distribua os presentes em Marte.  Porém, um marciano fundamentalista tenta a todo custo assassiná-lo, uma vez que o bom velhinho em pouco tempo corromperia os valores dos pequenos marcianos.  "O horror!  O horror!"
 
2. Robot Monster ("Robot Monster", 1953. Diretor: Phil Tucker).
 
Acreditem, este é um clássico 3D: o alienígena Ro-Man destrói quase toda a humanidade com seu raio da morte.  Somente oito pessoas sobrevivem, entre elas há um cientista que conseguira desenvolver uma espécie de antibiótico que havia tornado o grupo imune ao raio.  Por algum motivo bizarro, Ro-Man precisa aniquilar os oito remanescentes para que a operação de ocupação alienígena aconteça (poderia ter muito bem acontecido com oito... ou melhor, seis pessoas na Terra, uma vez que dois assistentes do cientista ficam em órbita!)  Ato contínuo, Ro-Man acaba se afeiçoando a uma jovem e muda de planos, desencadeando a ira do chefe da operação.
 
3. Terra: a Reconquista ("Battlefield Earth", 2000. Diretor: Roger Christian).
 
Só para se ter ideia do poder de destruição do filme, "Battlefield Earth" foi agraciado com as estatuetas de pior filme, pior diretor, pior ator (John Travolta), pior ator coadjuvante (Barry Pepper), pior atriz coadjuvante (Kelly Preston), pior dupla (Travolta mais um), pior roteiro, pior filme da década e pior drama dos 25 anos do prêmio Framboesa de Ouro.
 
4. Jornada nas Estrelas 5 - A Fronteira Final ("Star Trek: The Final Frontier", 1989. Diretor: William Shatner)
 
Shatner quase enterrou a série com este pavoroso quinto episódio para o cinema.  Na falta de inimigos, Kirk decide confrontar uma entidade poderosa que alega ser Deus.  Levou o Framboesa de Ouro de pior filme e pior ator (o próprio Shatner) em 1990.
 
5. Superman IV - Em Busca Da Paz ("Superman IV: The Quest for Peace", 1987. Diretor: Sidney Furie)
 
Lex Luthor (Gene Hackman) engendra uma criatura (Mark Pillow) com os mesmos poderes do Superman (Christopher Reeve). Superman IV foi enquadrado aqui como ficção científica pela forma, digamos, criativa de concepção do supervilão: Luthor rouba um fio de cabelo que Superman havia doado ao museu, extrai o DNA e o coloca numa bomba nuclear para explodir no sol.  Além disso, o pudico Luthor Frankenstein coloca um pedaço de pano preto e dourado para que o produto da experiência não saia voando por aí pelado.
 
Injustamente, o filme teve apenas duas indicações ao Framboesa de Ouro de 1988, pior atriz coadjuvante (Mariel Hemingway) e piores efeitos especiais.  É que 1987 foi um ano de filmes emblemáticos, como "Falcão - Campeão dos Campeões" e "Allan Quatermain e a Cidade Perdida de Ouro".
 
6. Armageddon ("Armageddon", 1998. Diretor: Michael Bay)
 
Difícil saber o que é pior no filme: o roteiro, as atuações de Bruce Willis, Ben Affleck e Liv Tyler ou a música tema.  O roteiro de Jonathan Hensleigh e J.J. Abrams é digno de Ed Wood: asteróide gigante encontra-se em rota de colisão com a Terra.  Como último recurso, a NASA decide recrutar perfuradores pouco ortodoxos que ganham a vida fazendo perfurações pouco ortodoxas, colocam os sujeitos numa nave e os despacham para explodir o asteróide com uma bomba nuclear.  O filme teve várias indicações ao Framboesa de Ouro de 1999, incluindo pior dupla (Ben Affleck e Liv Tyler), pior canção ("I don't want to miss a thing" do Aerosmith), pior diretor, pior ator, pior atriz coadjuvante (Liv Tyler) e pior filme.  Como 1998 foi um ano concorrido (Godzilla, Os Vingadores, Spice World,  o remake de Psicose), o filme abocanhou apenas o de pior ator.  Curisoamente, Bruce Willis ganhou o prêmio de pior ator pela atuação em três filmes: além de Armageddon, Nova Iorque Sitiada e Código para o Inferno.
 
7. Waterworld - O Segredo das Aguas ("Waterworld", 1995. Diretor: Kevin Reynolds.  Dono: Kevin Costner)
 
É uma espécie de epílogo de 2012 no estilo Mad Max.  Com o aquecimento global, as águas acabam ocupando quase toda a superfície da Terra. Os sobreviventes acabam se adaptando a esse mundo mais molhadinho e criam lendas diluvianas para explicar sua formação.  A sociedade, é claro, torna-se bárbara e todo o avanço tecnológico deixa de existir - excessão feita aos barcos, lanchas e jet-skis. No meio do caos, um mutante (Kevin Costner) decide sair em busca de terra seca.  Concorreu a vários Framboesas de Ouro, incluindo pior filme, pior ator (Kevin Costner), pior ator coadjuvante (Dennis Hopper) e pior diretor.
 
O filme é tão ruim, mas tão ruim, que nem o diretor Kevin Reynolds aguentou ficar até o final das gravações.
 
8. "Flesh Gordon 2: Flesh Gordon Meets the Cosmic Cheerleaders", 1989. Diretor: Howard T. Ziehm
 
Flesh Gordon é uma paródia picante de Flash Gordon.  Nesta sequência, Flesh é sequestrado por um grupo de voluptuosas cheerleaders que pretendem lançar um raio causador de impotência sobre a Terra.  Dispensa comentários adicionais.
 
9. "Zardoz", 1974. Diretor: John Boorman
 
Trata-se talvez da maior canoa furada na qual Sean Connery tenha embarcado, algo só comparável ao terrível "Os Vingadores" (The Avengers).  A história parece ter sido extraída de "A Máquina do Tempo", de H.G.Wells, com um toque de mitologia grega.  No futuro, a raça humana está dividida em dois grupos: os imortais, embalados pela música da Sandy, aprenderam a driblar a morte e vivem bem, obrigado; os brutais, miseráveis bárbaros que veneram o deus Zardoz.  O filme mostra a saga de Zed (Sean Connery), um miserável escolhido de Zardoz para confrontar os imortais vestindo uma ridícula tanga vermelha com suspensórios - uma das imagens mais constrangedoras da história do cinema.
 
10. "Sinais" (Signs, 2002. Diretor: M. Night Shyamalan)
 
M. Night Shyamalan é como um time que perde por 7 a 1, mas abre o placar aos 30 segundos de jogo.   Em "Sinais", extraterrestres usam todo o conhecimento tecnológico para construir naves espaciais que viajam anos-luz, mas não conseguem abrir portas de madeira velha das cabanas do Pai Tomás.  Aliás, esses alienígenas somente são vulneráveis a água (algo que cobre 70% da superfície do nosso planeta e costuma, de vez em quando, cair do céu), o que me faz crer que essas criaturas estúpidas tenham sido enganadas por algum prospecto intergalático de "Visite a Terra".