O Brasil é um país abençoado. De todas as catástrofes naturais possíveis, somos acometidos por apenas duas: excesso e falta de chuvas. Nada de terremotos, maremotos, ciclones, tufões e tornados (só o Tony). No entanto, como civilização nós somos muito, muito, muito primários. Comparados aos países de primeiro mundo, diria que somos bárbaros.
Nosso plano de risco para estes dois desastres naturais resume-se à dança tribal para mandar chuva e à oração para mandá-la embora. Há mais de 2.00 anos atrás, os incas faziam isso no alto dos Andes, apaziguando a fúria dos deuses com o holocausto humano. É incrível que, tanto tempo depois, tenhamos evoluído apenas no ritual, permanecendo o conteúdo congelado por todo esse tempo.
A falácia das autoridades sobre desastres naturais também não mudou muito. Inverte-se a causa com o efeito para que, propositadamente, ninguém possa ser responsabilizado pelas tragédias. Da mesma forma que o prefeito não tem como controlar as chuvas, o sacerdote não tinha como controlar os caprichos dos deuses, mesmo com a fartura de oferendas e sacrifícios.
Ora, o mínimo que se espera das autoridades municipais é um plano de risco que funcione. Afinal de contas, outros desastres ocorrerão, com maior ou menor intensidade. E, sem um plano que oriente a população nestes casos extremos, só estaremos trocando a ordem dos sacrifícios humanos: antes do desastre, no caso dos Incas, depois, no caso brasileiro.
3 comentários:
Começa assim uma reportagem publicada no O Globo em 16/01, assinada por Alice Fernandes "Foi com uma noite de muito samba que os cariocas aliviaram um pouco o clima de tristeza na cidade, abalada por conta da tragédia climática que há dias afeta a Região Serrana do Rio".
Belo País das Maravilhas da Alice, não?
No último domingo, 35.000 pessoas assistiram ensaios de escolas de samba. Que tal 35.000 pessoas subindo a serra pra varrer as ruas?
Cancelem o carnaval.
Cancelem a copa do mundo.
Cancelem as olímpiadas.
Chega de alienação desprezível.
Temos coisas mais urgentes e importantes pra fazer com esse dinheiro.
Os números da Região Serrana infelizmente ainda estão sendo contados. Diferentemente do que já foi falado, até o momento a maior tragédia envolvendo chuvas e deslizamento de encostas ocorreu em 1967 na Serra das Araras. Não sei pq isso foi esquecido.
O que impressiona é que mais de 40 anos depois, os eventos se repetem.
http://diariodovale.uol.com.br/noticias/4,34343.html#axzz1AxEtkmng
A IBM acaba de prover um centro de controle de desastres, engarrafamento, assaltos e afins de primeira geração. Falta agora operar o boeing.
Postar um comentário