segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Idade das Trevas

O Brasil é um país abençoado.  De todas as catástrofes naturais possíveis, somos acometidos por apenas duas: excesso e falta de chuvas.  Nada de terremotos, maremotos, ciclones, tufões e tornados (só o Tony).  No entanto, como civilização nós somos muito, muito, muito primários.  Comparados aos países de primeiro mundo, diria que somos bárbaros.
 
Nosso plano de risco para estes dois desastres naturais resume-se à dança tribal para mandar chuva e à oração para mandá-la embora.  Há mais de 2.00 anos atrás, os incas faziam isso no alto dos Andes, apaziguando a fúria dos deuses com o holocausto humano.  É incrível que, tanto tempo depois, tenhamos evoluído apenas no ritual, permanecendo o conteúdo congelado por todo esse tempo.
 
A falácia das autoridades sobre desastres naturais também não mudou muito.  Inverte-se a causa com o efeito para que, propositadamente, ninguém possa ser responsabilizado pelas tragédias.  Da mesma forma que o prefeito não tem como controlar as chuvas, o sacerdote não tinha como controlar os caprichos dos deuses, mesmo com a fartura de oferendas e sacrifícios.
 
Ora, o mínimo que se espera das autoridades municipais é um plano de risco que funcione.  Afinal de contas, outros desastres ocorrerão, com maior ou menor intensidade.  E, sem um plano que oriente a população nestes casos extremos, só estaremos trocando a ordem dos sacrifícios humanos: antes do desastre, no caso dos Incas, depois, no caso brasileiro.

3 comentários:

Armando disse...

Começa assim uma reportagem publicada no O Globo em 16/01, assinada por Alice Fernandes "Foi com uma noite de muito samba que os cariocas aliviaram um pouco o clima de tristeza na cidade, abalada por conta da tragédia climática que há dias afeta a Região Serrana do Rio".

Belo País das Maravilhas da Alice, não?

No último domingo, 35.000 pessoas assistiram ensaios de escolas de samba. Que tal 35.000 pessoas subindo a serra pra varrer as ruas?

Cancelem o carnaval.

Cancelem a copa do mundo.

Cancelem as olímpiadas.

Chega de alienação desprezível.

Temos coisas mais urgentes e importantes pra fazer com esse dinheiro.

Armando disse...

Os números da Região Serrana infelizmente ainda estão sendo contados. Diferentemente do que já foi falado, até o momento a maior tragédia envolvendo chuvas e deslizamento de encostas ocorreu em 1967 na Serra das Araras. Não sei pq isso foi esquecido.

O que impressiona é que mais de 40 anos depois, os eventos se repetem.

http://diariodovale.uol.com.br/noticias/4,34343.html#axzz1AxEtkmng

BarracObama disse...

A IBM acaba de prover um centro de controle de desastres, engarrafamento, assaltos e afins de primeira geração. Falta agora operar o boeing.