terça-feira, 1 de maio de 2012

Eu Quero Ter 1 Milhão de Amigos...

Acabo de ler que na China é possível um sujeito comprar um monte de amigos virtuais. Nunca entendi direito o propósito das redes sociais, mas acredito que seja algo como "poder comparar o tamanho da genitália" se você é homem ou "se sentir querida" se você for mulher. Ainda não entendi direito o significado para as lésbicas, mas se alguém quiser contribuir para a cultura inútil universal, não sou eu quem vou impedir.

Essa coisa Freudiana do tamanho do pênis é uma realidade do universo masculino. É uma tara, sem duplo sentido, onde vale tudo: carros, tênis, salário, cargo, casa, cachorro, quantidade de dedos e, em caso de empate, quantidade de amigos no facebook.

Percebendo a quantidade de amigos que tenho no Facebook, terei que tomar providências para manter minha imagem. Minhas opções são: um, pagar uma fábula pelos amigos chineses; dois, entrar no negócio me vendendo como amigo virtual, tranformando-me no primeiro gigolô virtual. O problema de #1 é que não tenho dinheiro; já em #2, se de graça não tenho amigos, quem em sã consciência pagaria pelos meus serviços virtuais?

AS FABULOSAS FÁBULAS INFANTIS CONTADAS PELO MAGO MAIS FAMOSO DO MUNDO QUE NÃO É O MERLIN E POR UMA RENOMADA DAMA FLUMINENSE!

Chapeuzinho vermelho caminhava noite adentro pela floresta escura. No céu, estrelas. Na Terra, bilhões de pessoas, bichos, Chapeuzinho vermelho e uma floresta escura. Estrelas são luzes do passado, mas não tão luminosas que poss...am clarear a floresta por onde Chapeuzinho caminhava. Chapeuzinho não sabia do futuro, não enxergava um palmo à frente. Ela era a luz das estrelas rumo à casa da vovó.

A vovó morava numa favela dominada por uma milícia carioca. Gás, telefone, luz, internet, TV à cabo e lobos maus, tudo o que entrava no barraco da vovó era controlado por policiais. Chapeuzinho trajava um vestido de baile funk vermelho, colocado à vácuo, dois dedos abaixo da cintura, usava salto alto e um capuz da facção que dominava os acessos à casa daquela velha senhora.


Ao entrar no barraco da vovó, Chapeuzinho parou. E ficou. Parada. Mais um pouco. Um pouco mais. Mais um pouco. Calma, quase lá. Pronto! Chapeuzinho continuou parada, sinal metafísico e profundo de que o que virá está por vir e de que o passado, esse sim, ficou parado, lá atrás, no passado.



Chapeuzinho aproximou-se da cama da vovó, acendeu a luz, mas, por ordem da milícia, a mesma fora cortada. "Porra, vó!" - exclamou Chapeuzinho, puta da vida. "Eu não deixei a merda do dinheiro pra pagá os milícia?" - perguntou.

- É que eu tive que pagar os remédios... - respondeu a vovó, totalmente coberta.

Chapeuzinho parou. Pensou na luz das estrelas. Parou. E parou. Mais um pouco. Quase lá. Vamos, falta pouco. E assim ficou. Parada. Como a luz das estrelas, que caminham no mesmo lugar. Os pensamentos de Chapeuzinho viajavam, mas ela ali permanecia, parada. Como as rochas, eternamente banhadas pelas ondas do mar.

- Porra, vovó! - brigou Chapeuzinho. - Que merda de voz é essa? Bebeu de novo?

- Não... - respondeu a vovó. - É que peguei gripe...

- E essas pernas peludas? Não se depila mais não?

- Estou muito trêmula, minha netinha, para estes confortos... Além do mais, seu avô se foi faz tempo...

As estrelas brilhavam no mesmo lugar. As ondas castigavam as mesmas rochas. E Chapeuzinho pensava no significado de tudo isso e chorou. Chorou. E chorou. Mais um pouco, um pouco mais, pronto: tudo ficara claro para a menina!

- Você quer me comer? - perguntou, de bate-pronto.

O lobo se revelou, saltando da cama, rasgando a roupa da vovó. "Sim!" - gritou!

Chapeuzinho arregalou os olhos brilhantes como as estrelas e, docemente, disse:

- Porra, eu vim preparada! Não podia esperar o baile terminar?