terça-feira, 23 de novembro de 2010

Os Versos Mais Ridículos da Música Brasileira - Part Deux

Nesta segunda parte temos uma coletânea de trechos da MePeBê com
mensagens óbvias, toscas ou absolutamente incompreensíveis:

I - "Ô... esse coqueiro que dá coco..." (Aquarela do Brasil - Ary
Barroso). O Brasil realmente é uma terra abençoada! Nossos coqueiros
dão cocos, nossas mangueiras dão mangas e nossas bananeiras dão
bananas. Só mesmo aqui!

II - "Feche a porta do seu quarto / Porque se toca o telefone / Pode
ser alguém." (Eu Sei - Legião Urbana). Ora bolas, quem mais poderia
ser? O coqueiro que dá coco?

III - "O que é imortal, não morre no final..." (Imortal - Sandy &
Júnior). Juntando com a primeira, temos este belo trecho: "Ôooo...
esse coqueiro que dá coco/ que é imortal, não morre no final... al
al... al al..."

IV - "As flores de plástico / Não morrem..." (Flores - Titãs).
Juntando tudo até aqui, temos: "As flores de plástico / do coqueiro
que dá coco / não morrem no final / E se toca o telefone / pode ser
alguém"

V - "...Zabelê, zumbi, besouro, vespa fabricando mel..." (Linda
Juventude - 14-Bis). Apesar de ser uma inovação em relação ao
coqueiro que dá cocos, o sindicato das abelhas não deve ter gostado
muito...

VI - "Que só eu que podia / Dentro da tua orelha fria / Dizer segredos
de liquidificador..." (Codinome Beijaflor - Cazuza). Bela cena
romântica. Fico imaginando o sujeito dizendo: "vai, coloca o gelo e
pressiona a tecla pulsar"..

VII - "Os meus amigos dizem que eu sou demais / Mas é somente ela que
me satisfaz..." (Morango do Nordeste - Resolvam aí a autoria). Seria
um caso de infidelidade egocêntrica?

VIII - "Sobre as margens desse meu país / Menores que não têm onde
dormir" (Deus Mirim - Latino). Latino se revela aqui um ardiloso
gramático de imagens complexas.

IX - "Um dia feliz / As vezes é muito raro..." (Fácil - Jota Quest).
Isso quer dizer que dias felizes são frequentes, visto que apenas às
vezes eles são raros. Ou não.

X - "As ruas têm cheiro de gasolina / E óleo diesel / Por toda a
Plataforma / Toda a Plataforma / Toda a Plataforma / Você não vê a
torre..." (Música Urbana - Capital Inicial). É a melô do cego na
rodoviária. Só pode ser isso.

XI - "Açaí / guardiã / Zum de besouro um imã / Branca é a tez da
manhã" (Açaí - Djavan). Latino se revela um ardiloso poeta de ideias
complexas. Principalmente quando incorporado pelo Djavan.

XII - "Vida, devolva-me as fantasias / Meu sonho de viver a vida /
Devolva-me o ar..." (A Dor desse Amor - KLB). Não bastassem os
músicos tirarem som de air guitars, os caras compuseram esta terrível
melô do carnavalesco asmático com dor de cotovelo. O horror, o
horror!

XIII - "Aquele fio de cabelo comprido/ Já esteve grudado em nosso
suor" (Fio de Cabelo - César Menotti e Fabiano, cantada por
Chitãozinho e Xororó). Melô do metaleiro maratonista com queda de
cabelo abraçando outro competidor. Este trecho leva os prêmios das
categorias 'música bizarra', 'música nojenta' e 'música gosmenta'.

XIV - " Tudo que Deus criou pensando em você/ Fez a Via Láctea, fez os
dinossauros." (Te devoro, Djavan). "Cumequié"? Deus fez os
dinossauros pensando na pessoa? Que coisa romântica! "Amor, tudo que
Deus criou foi pensando em você. A Via Láctea, as estrelas, a lua, os
dinossauros e todos os bichos pegajosos e asquerosos que infestam o
nosso planeta!". Deve ser tiro e queda! (Ela atira e você cai
morto!)

XV - "Então me lanço, me atiro em frente ao seu carro / E aí você
decide se é guerra ou perdão / Se na vida eu apanho / Outras vezes eu
bato / Mas trago a minha blusa aberta e uma rosa em botão" (Elevador -
Ana Carolina). Nem guerra, nem perdão: é atropelamento! A associação
de imagens parece roteiro de filme pornô com trilha sonora de "Um
tapinha não dói".

4 comentários:

Sim, e daí? disse...

Esses não são versos ridículos. Eu criaria a categoria "música pra quem não faz questão de entender a letra":

Dormir no teu colo
É tornar a nascer
Violeta e azul
Outro ser
Luz do querer...

Não vai desbotar
Lilás cor do mar
Seda cor de batom
Arco-íris crepom
Nada vai desbotar
Brinquedo de Papel Machê...

Papel Machê - João Bosco

Nada contra o João Bosco, até gosto bastante dele, mas acho que não sou romântico o suficiente pra entender o que quer dizer.

Chico Chapeleta disse...

Ô Armando, vc é fake ou vero?

a letra (na verdade, uma carta q veio a ser "musicada") é, como todos sabemos, do Capinam - um poeta, segundo se diz por aí.

deixa o João Bosco fora dessa....depois q o Aldir o abandonou, ali no comecinho dos anos 80, ele cometeu algumas letras sofríveis (a mais inacreditável talvez tenha sido "si si no no").

felizmente ele foi à cata de parceiros letristas, e compôs com Waly Salomão, Abel Silva, o irmão da Marina ...até firmar com o seu filho Francisco Bosco.

Chico Chapeleta disse...

I – Ary Barroso – esse tem talento suficiente (de sobra !) p/ perdoarmos essas riminhas acacianas. Essa linha do “samba exaltação” foi tb bem explorada pelo David Nasser no excelente “Canta Brasil”.
II – o “Eu sei” não foi das melhores coisas q o R Russo fez (ainda q seja uma simpática folksong), mas o tenho como o mais talentoso compositor da geração Rock Brasil Anos 80.
V – Linda Juventude é a hippie-song brasileira. Podemos dar um desconto p/ essa letra boba, pois a música é bem legal.
VI – “ segredos de liquidificador..." – o Cazuza disse q isso aí é enfiar a língua na orelha e girar (isso é verdade!).

Vicky disse...

Vamos ser francos: o povo compra muita bobagem por ignorância. Essas letras são absurdas, mas, dependendo de quem canta, vira reflexão inteligente. Besteira!