No programa de hoje, Friedrich Nietzsche recebe a visita de Cefalópodes, o filósofo grego mais popular antes de Platão.
[Nietzsche entra sob aplausos de dois intelectuais vestindo calça fuseau, camisa de gola rolê e boina, observados por dois sujeitos barbados, barrigudos, vestindo calças jeans rasgadas e camisas xadrez]
Nietzsche: Obrrrigada. Ich rezeber hoje Zefalopoda, und philosopher grega muita popular, ya?
Cefalópdes: Companheiro, devo admitir que sou muito querido de onde venho...
Nietzsche: Ya. Maz, ich nunca ouvir falar de herr Zefalopoda antes!
Cefalópodes: É que vocês, americanos, ficam confinados somente naquele mundinho de vocês. Existe vida fora da América!
Nietzsche: Maz, ich non zer amerricano. Ich zer prussiano de nascimenta, maz de espírrita anti-alemon!
Cefalópodes: De onde eu venho também tem isso, meu companheiro. Têm os coríntios e os anti-coríntios. Muitas vezes, dá briga!
Nietzsche: Vamos mudarr de azunta. Herr Zefalopoda, fale maiz de seu obrrra...
Cefalópodes: Companheiro, eu gosto muito de usar metáforas para comentar minhas obras. Eu diria que minha obra é como a prima de Tróia: ela tem uma senhora retaguarda!
Nietzsche: Ich non entenderr. Poderria zer maiz espezífica? Quaiz zer zuas ideias?
Cefalópodes: Eu defendo uma República voltada para o povo pobre, esfomeado, aquele povo normalmente desprezado pela burguesia que só pensa em enriquecer a custa deste proletariado que muitas vezes não têm dinheiro sequer para pagar a condução e assim são obrigados a dormir nas ruas das grandes cidades...
Nietzsche: Ya, o ética do ezcrrrava. Muita prrática parra poucos pessoas dominar grrandes rebanhos. Tudo aquilo que se deseja, maz non zer possível obterrr, deve zer rejeitada...
Cefalópodes: Você fala engraçado, companheiro. Mas, eu defendo que o governo deve prover comida aos mais necessitados. Veja: tem que dar o peixe, mas depois ensinar a pescar.
Nietzsche: Porr que? Com und peixa na mon, ich non preeciza pescar!
Cefalópodes: Com fome, ninguém pesca, companheiro.
Nietzsche: Zem fome, ninguein pesca tambein.
Cefalópodes: Por Zeus, companheiro! Deveria Zeus deixar de dar boas colheitas quando nossos celeiros estivessem cheios? Ou deixaríamos de ter guerras quando já houvesse ódio suficiente em nossos corações?
Nietzsche: Herr Zefalopoda zer Zeus? As deuses eston mortas! Somos humanas,demaziadamente humanas! Que ezpezie de philosophia zer esta?
Cefalópodes: A do poder do voto.
Nietzsche: Maz, o que herr Zefalopoda defende?
Cefalópodes: Que decidamos no plebiscito!
Nietzsche: Maz, dezidamos o quê?
Cefalópodes: Se estou certo ou não!
Nietzsche: Zobrre o quê?
Cefalópodes: De eu dar o peixe, depois, a vara.
Nietzsche: Orra, prra quê?
Cefalópodes: Pra pescar, ora! [Volta-se para a plateia] Aqueles que têm fome e querem primeiro o peixe, depois a vara, levantem a mão!
[Os dois intelectuais levantam os braços, balançando freneticamente as mãos. Os dois brutos apenas observam com ar de repugnância.]
Cefalópodes: E aqueles que têm fome, mas querem primeiro a vara para poder pescar o peixe, levantem a mão!
[Os dois intelectuais abaixam as mãos e olham para o lado, com sorrisinhos sarcásticos. Os dois brutamontes apenas coçam a barba.]
Cefalópodes: Dois a zero, oba! Ganhei mais uma! Rê! Rê!
[O programa terá que ser interrompido, pois Nietzsche acaba de ter outro colapso. Enquanto as cortinas baixam, um dos intelectuais cochicha discretamente com o bruto ao lado: “Ora, homem! Por que você não levantou sua mão?” Ao que ele responde: “Não tenho fome...”]
Este foi mais um programa... NIETZSCHEntrevista
Um comentário:
Adorei! Muito inteligente!
Postar um comentário