quinta-feira, 20 de outubro de 2011

As Fabulosas Fábulas de Auto-Ajuda que Não Deram Certo

A Importância da Comunicação


Certo dia, o sultão de um reino de difícil trânsito - devido a faixas exclusivas para camelos e dromedários - sonhou que havia perdido todos os dentes.  Para desvendar o significado, convocou todos os adivinhos, oferecendo-lhes cem moedas de ouro como recompensa (as mesmas cem moedas que, sem que o Duque de... percebesse, haviam de fato sumido da sacola de couro da fábula anterior).


O primeiro adivinho apresentou-se diante do sultão como colaborador Bob, espalhou uma fumaça fedorenta pelo lugar, revirou os olhos e declarou:


- Majestade... cada dente perdido significa uma moeda de prata... da fada do dente... - disse pausadamente.


O sultão gostou da ideia, mandou chamar os guardas e ordenou que todos os dentes do adivinho fossem arrancados para reforçar o caixa 2 do reino.


O segundo adivinho adentrou o recinto, apresentou-se também como colaborador Bob, espalhou mais fumaça fedorenta pelo lugar, revirou os olhos, fez "hummmmmm" e disse:


- Majestade... cada dente perdido significa menos kafta e mais tabule! - concluiu.


O sultão gostou da ideia, chamou os guardas e ordenou que o adivinho fosse moído e sua carne transformada em suculenta kafta.  Afinal, o sultão ainda possuía todos os dentes firmes e saudáveis.


O terceiro adivinho também se chamava colaborador Bob, empesteou o ambiente com a tal fumaça, revirou os olhos, fez "hummmmmm", colocou a mão na testa e disse:


- Majestade.... lamento dizer... cada dente caído significa uma pessoa amada que perderá...


O sultão surpreendeu-se com aquela insolente maldição conjurada, mandou chamar os guardas e ordenou que o adivinho fosse chicoteado tantas vezes até virar tabule.  A interpretação anterior lhe soara melhor.


O quarto adivinho que - adivinhem! - se chamava colaborador Bob entrou tenso, mas confiante.  Espalhou quatro vezes mais fumaça podre no recinto, revirou os olhos, fez "hummmmmm", colocou a mão na testa, sentou-se em posição de lótus, depois refez tudo pois errara a ordem das coisas, primeiro a fumaça, depois a posição de lótus, os olhos, o "hummmmmm" e, por fim, a mão na testa para dizer:


- Majestade!  Grandes notícias!  Vejo aqui que Vossa Majestade haverá de sobreviver a todos aqueles que ama!


O sultão sorriu.  O rosto do adivinho transformou-se, demonstrando alívio.  Em seguida, a alteza se levantou, aproximou-se do colaborador Bob, deu-lhe um beijo na cabeça e lhe sussurrou ao ouvido:


- Eu te amo...


Os guardas entraram, agarraram o colaborador Bob e o sultão ordenou que do adivinho fosse transformado em lentilha.


Um nobre que acompanhara a cena comentou:


- Majestade... não entendo. - disse, cuidadosamente.  - A interpretação deste último adivinho foi a mesma do anterior, ele só tentou comunicar de uma forma positiva.  Por que o fim acabou sendo o mesmo?


- É que eu estou com uma baita fome... - respondeu o sultão, abraçando o amigo, enquanto se dirigiam ao salão de refeições para almoçar.  - E, como todos sabemos, o fim justifica os meios...

- É... -  disse o nobre. - Mas, faltou a batata-frita...

2 comentários:

Armando disse...

Acho que nunca mais como kafta.

BarracObama disse...

faltou a batata frita