terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Um Conto e Meio de Natal - Part Deux

São 2:30 da manhã do dia 25 de Dezembro. O telefone da mesa de Mary Crístimas toca. É o diretor da área: “Então, já temos um número?”. Mary faz sinal para o fantasma do Natal que trabalha ao seu lado. A aparição sussurra que ainda não terminou o trabalho. Mary tampa o bocal do auscultador (este é um conto rebuscado) e ordena ao colega do outro mundo que reúna a equipe na sala de reunião. O fantasma do Natal sai voando pelo terceiro andar do Edifício Ebenezer para arregimentar os demais componentes do time.


Vinte e duas pessoas estão espremidas em uma pequena sala de reunião com lugar para dez em torno de uma mesa sobre a qual repousa um aparelho de viva-voz. Mary transfere a ligação para lá e se junta ao time.  Faz um calor insuportável no local.  Do aparelho, o rugido não demora em ecoar: “Preciso de um número agora!”
 Fred chega atrasado e entrega a proposta técnica para o colega da área comercial. O colega da área comercial olha o calhamaço de papel e não entende nada. Passa para o colega de precificação que, por sua vez, não consegue traduzir aquela montoeira de palavras em número. O material, assim, vai passando de mão em mão até chegar ao fantasma do Natal. Mary olha para o fantasma, masca o chiclete alucinógeno do colega porcalhão e lhe pergunta baixinho: “olha esse papel aí e me dê um número!”  Em seguida, Mary vê o fantasma dar algumas piruetas, atravessar o corpo de alguns colegas, até que lhe é dada uma resposta: “17.320.133!”

- O quê??? Vocês estão loucos!!! Dezessete milhões?

- Estamos revendo esse número ainda... – defende-se Mary. O que a líder não sabe é que o fantasma do Natal simplesmente contara a quantidade de palavras existentes no documento.


- Não podemos apresentar esse número! Isso é absurdo! Eu quero um corte de 30%, agora!

“Lá se vai um capítulo inteiro”, pensa o fantasma. Mary Crístimas, esgotada, arranca o lápis que prendia os desgrenhados cabelos e passa a batê-lo na mesa. “Preciso conversar com a equipe técnica para saber se é possível”, contra-argumenta.

 
Fred ajeita as calças, pede licença ao grupo e se aproxima do aparelho de viva-voz. Do outro lado da linha, o trovão continua irredutível nos tais trinta por cento. “Olha... “, argumenta Fred, “talvez se revíssemos a teoria da relatividade e descobríssemos uma falha, pudéssemos chegar a um número melhor”.  Fred ficou orgulhoso por aquela fina ironia, já se imaginava como herói em uma mesa rodeado por lindas mulheres encantadas com a presença de espírito e seduzidas pela virilidade demonstrada diante de uma situação tão ameaçadora como aquela.   O sonho foi interrompido por um sonoro: “Não quero saber o que precisa ser feito! Faça! Vocês são pagos para isso!”

Mary Crístimas decide intervir: “Mas, com essa equipe reduzida, fica difícil trabalharmos com vários cenários de proposta”. Em seguida, a sala fica em silêncio, só se escuta a respiração ofegante que vem do aparelho. “Talvez você deva dizer isso pessoalmente ao Sr, Scrooge!”, sentencia.

Todos engolem em seco e o fantasma do Natal sai de fininho.   Em seguida, trevas.

4 comentários:

Anônimo disse...

Ae vc sabe o resultado da mega çena

Anônimo disse...

Qdo vai virar fiume?

Anônimo disse...

concordo com o final. Eh as treva

Anônimo disse...

Çerah q ningueim çabe excreve çerto huahuahuahuahua